"No pico da manifestação estimamos que estiveram cerca de 700 pessoas. Foi uma manifestação ordeira sem incidentes a registar", afirmou, em declarações à agência Lusa, um oficial de serviço à 1.ª divisão da PSP, Carlos Mena.
A manifestação organizada por vários movimentos em defesa da floresta amazónica contou com a participação de partidos de esquerda, tendo estado presente a líder do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, que não prestou declarações.
Segundo a brasileira Samara Azevedo, do Movimento Coletivo Andorinha, um dos movimentos responsáveis pela manifestação, esta foi uma das maiores iniciativas da comunidade brasileira em Lisboa.
"Estamos aqui juntamente com outras associações, com a Casa do Brasil, Fórum Indígena de Lisboa, Media Ninja, para falar sobre a situação na Amazónia e para continuar o desmonte das políticas públicas ambientais que estão a acontecer no Brasil", referiu a ativista, acrescentando que no seu país até o próprio ministro do Ambiente "é uma piada de mau gosto".
Para Samara Azevedo, a responsabilidade pelo que está a acontecer na floresta da Amazónia hoje, como os incêndios e a desflorestação, está no agronegócio, sustentado pela política do atual Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
"O agronegócio apoia o violento massacre dos índios, o assassinato das lideranças indígenas. E foi por conta disso que essas séries de desmatamentos aumentaram para níveis alarmantes. Não é que o desmatamento tenha começado agora no Brasil, na floresta amazónica”, declarou, considerando a postura de Bolsonaro “criminosa, porque ela, além de ser ausente, incentiva e desmobiliza toda a política ambiental que existe no Brasil".
No protesto estiveram, entre outros, Joana Mortágua (Bloco de Esquerda), Francisco Guerreiro (PAN) e Mariana Silva (“Os Verdes”).
"A destruição da Amazónia é uma catástrofe de proporções mundiais para o ambiente, para a humanidade", considerou Joana Mortágua em declarações aos jornalistas, no meio da multidão que se juntou no Largo Camões.
Para esta deputada, a catástrofe tem responsáveis que se chamam Bolsonaro e agronegócio.
"Bolsonaro esteve desde o início do seu Governo contra as ONG [organizações não-governamentais] ambientalistas, numa campanha aberta contra as associações indígenas que defendem a Amazónia e numa campanha aberta de apoio aos ruralistas e em defesa do agronegócio, que é aquele que está a promover o desmatamento e é, provavelmente, a mão criminosa que está por trás dos incêndios da Amazónia”, afirmou.
A deputada do BE apelou também ao Governo português para que tenha uma palavra de censura em relação ao executivo de Bolsonaro e se junte “àqueles que na comunidade internacional denunciam a destruição da Amazónia e denunciam os responsáveis políticos dessa destruição”.
Já Mariana Silva, candidata da CDU às legislativas, considerou que “as políticas para o ambiente e para a defesa da natureza têm de ser outras em qualquer dos países, porque é o planeta que esta em questão”.
“Por isso terá de haver outra política de preservação da Amazónia”, defendeu.
O eurodeputado Francisco Guerreiro realçou que “escreveram ao primeiro-ministro, António Costa, para que no próximo Conselho Europeu, em outubro, rejeite ou congele o acordo feito com o Mercosul, para que se garanta uma pressão internacional” àquele bloco, porque o desmatamento [da Amazónia] “tem sido constante, não só no Governo de Bolsonaro, como no Governo de Lula, de esquerda”.
O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953 focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais brasileiro anunciou que a desflorestação da Amazónia aumentou 278% em julho, em relação ao mesmo mês de 2018.
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