Com tarjas colocadas no chão, os participantes da ação de protesto do Movimento Pelas Águas e Serras, que culmina com um desfile até ao rio Tejo, anunciavam palavras de ordem como “Sem rio não há pão” ou “Guardar rios, guardar vidas”.

A marcha de hoje acontece depois de na quarta-feira ambientalistas terem apelado à proteção dos recursos hídricos, entre Assembleia da República e a Praça do Comércio, no âmbito do Dia Mundial da Água.

Em declarações à agência Lusa, a coordenadora do Movimento Pelas Águas e Serras, Mariana Alves, disse que tem observado uma crise hídrica em Portugal nos últimos anos, aludindo à descida das águas das barragens no último ano devido à seca.

“Para nós foi uma situação alarmante. (…) Há um Estado de Emergência em relação à água e à subsistência alimentar que nós achamos que é importante salvaguardar e achamos que há existe uma negligência governamental que não está a trazer ao de cima, com a preocupação necessária, este tipo de problemáticas”, adiantou.

Para Mariana Alves, dando o exemplo da prospeção mineira na região do Barroso, em Boticas e Montalegre, com os projetos de mineração, o Governo está a trabalhar “no contrário à sustentabilidade”.

“Queremos especialmente chamar a atenção à cidadania ativa e tentar pressionar o Governo a tomar ação sobre as gerações futuras e criar um sistema que realmente salvaguarde os nossos recursos básicos que são a água e a alimentação”, observou.

A coordenadora do Movimento Pelas Águas e Serras explicou também que, no caso da mineração, além de se tratar de um crime ambiental, trata-se de “um crime de direitos humanos”, porque há pessoas que vivem a “500/700 metros de lugares onde querem fazer prospeção”.

Também Patrícia Herdeiro reforçou que Portugal está a passar por uma crise dos recursos hídricos que “está a ser ignorada”.

“É essencial que o Governo tome decisões para que a água esteja assegurada nos próximos anos. Neste momento, com uma crise mundial a acontecer em plena guerra, em que a segurança alimentar está em jogo, a água tem de ser protegida”, realçou.

De acordo com a ativista, o Governo não tem investido na gestão das florestas.

“As nossas florestas são [constituídas] por eucaliptos que primeiro secam os solos e depois ajudam na propagação dos incêndios. (…) Em vez de se estar a investir nas florestas está-se a investir com dinheiro da União Europeia para fazer mineração para destruir estas florestas e para poluir as nossas águas e usar a pouca água que nós temos neste tipo de mineração".

Na concentração esteve ainda presente o vice-presidente do partido europeu Volt, Duarte Costa, que disse que “a água é um dos elementos mais importantes no ecossistema para que haja vida”.

“Nós apoiamos estas iniciativas de cidadãos para que haja políticas responsáveis na defesa da água. Em Portugal, vemos que ainda há muito trabalho a fazer para conservar a água. Portugal tem tido uma política de aumentar a disponibilidade da água e não de mudar a forma insustentável como ela é usada”, sublinhou.