Em 20 de outubro de 2020, agentes da polícia e militares dispararam contra uma manifestação pacífica na praça de portagens de Lekki, em Lagos, reprimindo os maiores protestos antigovernamentais da história moderna da Nigéria.
Três anos depois, a Amnistia afirma que pelo menos 15 dos manifestantes detidos em 2020 “continuam presos arbitrariamente, a maioria sem julgamento” em Lagos, com alguns a afirmarem ter sido torturados.
“Estou inocente. A minha vida foi destruída. Preciso da minha liberdade”, disse um dos detidos, Sodiq Adigunm, à ONG, acrescentando que está detido sem julgamento desde 2020.
A agência noticiosa francesa AFP pediu uma reação à polícia, mas ainda não obteve resposta.
Vários manifestantes concentraram-se hoje no principal local dos acontecimentos de 2020 e apelaram à libertação dos detidos, perante um reforçado e imponente dispositivo policial.
Em anteriores manifestações para assinalar a repressão, a polícia efetuou detenções e disparos de granadas de gás lacrimogéneo.
Durante os eventos de 2020, segundo a Amnistia Internacional, a polícia matou pelo menos 12 manifestantes em Lagos, a capital económica, e mais de 50 em todo o país.
Outras pessoas foram mortas na violência que se seguiu.
O governo do Estado de Lagos e as forças armadas há muito que negam que as tropas tenham disparado munições reais contra o protesto, mas um painel independente de peritos considerou que houve um “massacre” de manifestantes desarmados.
A ONG também alertou para o recrudescimento da brutalidade policial e apelou a reformas. A polícia “comete regularmente violações dos direitos humanos, incluindo execuções extrajudiciais, assédio, detenções arbitrárias e extorsão, com impunidade quase absoluta”, acusou a ONG.
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