“A Amnistia Internacional Portugal expressa forte pesar pela morte de Mário Soares, prisioneiro de consciência da organização de direitos humanos e ‘prisioneiro do ano’ em 1968”, refere a organização hoje em comunicado.

A Amnistia Internacional lembra que o antigo primeiro-ministro recebeu as delegações da organização várias vezes, tendo “manifestado sempre preocupação pelas violações e abusos de direitos humanos e participado em eventos promovidos pela secção portuguesa da AI”.

No comunicado, a AI recorda também que Mário Soares participou, nomeadamente, na conferência “Direitos humanos na Europa: que desafios para o futuro?”, organizada pela Amnistia Internacional Portugal, aquando da visita ao país do secretário-geral da organização, Salil Shetty, em maio de 2014.

“Já antes, em 1997, na visita a Portugal do então secretário-geral da Amnistia Internacional Pierre Sané, Mário Soares recebeu a delegação da organização de direitos humanos em Portugal, num encontro em que aceitou o convite da AI para integrar um grupo de personalidades mundiais, a quem a organização recorreria em situações urgentes de violações de direitos humanos”, é ainda referido.

Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.

O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.

O corpo do antigo Presidente da República está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos desde as 13:10 de segunda-feira, depois de ter sido saudado por milhares de pessoas à passagem do cortejo fúnebre pelas principais ruas da capital com escolta a cavalo da GNR.

O funeral realiza-se hoje, pelas 15:30, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.

Nascido a 7 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.

Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.

Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.