As declarações surgiram na quinta-feira numa mesa-redonda num Seminário de Estudos Internacionais no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa quando se abordou a confiança dos angolanos em instituições como aquelas, depois dos seus responsáveis terem sido associados a esquemas de desvio de fundos.

A diretora-executiva da Transparência e Integridade - Associação Cívica (TIAC), Karina Carvalho, afirmou que estas instituições podem ser reestruturadas e assinalou a sua importância social.

"As instituições e as organizações, inclusive aquelas que pertencem ao setor bancário, podem ser reforçadas, mudadas e algumas deles até podem ser extintas", assinalou Karina Carvalho, sublinhando: "Não podemos questionar é a sua importância social (…), porque nós precisamos de uma organização social".

A posição foi também defendida pelo professor universitário Jorge Humberto Dias.

"Para mudar a base de confiança, é fundamental ter uma estrutura forte que a sustente", afirmou o académico.

Karina Carvalho alertou, no entanto, para o risco dos atuais responsáveis adotarem medidas populistas para tentar recuperar esta confiança.

"A confiança não se recupera com o populismo, isto é um perigo", considerou.

O investigador Eugénio Costa Almeida afirmou, por seu turno, que a confiança é um indicador volátil.

"A confiança rapidamente se perde e dificilmente se recupera", disse, acrescentando que com "tudo aquilo que tem acontecido com as detenções, as denúncias, e tudo mais, se a confiança já era pequena, agora é cada vez menos forte".

Em setembro, José Filomeno da Silva, filho do antigo Presidente da República de Angola José Eduardo dos Santos e administrador do Fundo Social Angolano, foi acusado, juntamente com o antigo governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe Duarte da Silva, de integrarem um esquema que chegou a desviar 500 milhões de dólares.