Designado como T2UES – Transporte Turístico Urbano Elétrico Sustentável, o projeto pretende “promover a indústria do transporte elétrico movido por fontes de energia renovável” nas regiões de Andaluzia e do Algarve, afirmou José Manuel Andújar, investigador da Universidade de Huelva, em declarações à agência Lusa.
Por outro lado, “propõe-se incentivar a instalação de uma rede de transporte ligeiro, ecológico e intraurbana, para mitigar os problemas de sobrepopulação nos períodos turísticos de verão”, indicou o académico de Huelva, referindo que a ideia é “fortalecer o setor turístico” como atividade económica compatível com o meio ambiente e de vanguarda no transporte sustentável.
“Essas duas regiões são, no seu conjunto, destinos turísticos de primeira importância, tendo em 2018 registado mais de 24 milhões de dormidas”, apontou.
Cofinanciado pelo programa de cooperação transfronteiriça Interreg VA Espanha-Portugal (POCTEP), o projeto T2UES, além de potenciar o desenvolvimento tecnológico de uma rede de veículos elétricos, aposta em pontos de carregamento inteligentes e ambientalmente sustentáveis, para equipar as áreas turísticas de Andaluzia e do Algarve.
Iniciada em janeiro de 2018, a iniciativa transfronteiriça decorre até ao final de 2021, com um investimento total de cerca de 936 mil euros, dos quais 702 mil euros assegurados por financiamento comunitário do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
De acordo com o investigador da Universidade de Huelva, o projeto T2UES inclui o desenho de protótipos de veículos e estações de recarga, contando com nove parceiros, entre empresas e centros de investigação e desenvolvimento, bem como a colaboração e participação de municípios e entidades interessadas em implementar uma futura rede de veículos elétricos.
Questionado sobre quantos veículos se preveem disponibilizar nas zonas turísticas do litoral andaluz e algarvio, José Manuel Andújar referiu que ainda não está definido, explicando que “o número de veículos vai depender das necessidades específicas de cada zona e os modelos de negócio que se desenvolvam como parte do projeto de exploração”.
Os veículos elétricos do projeto “nada têm a ver com o conceito de automóvel elétrico que fabricam e comercializam, atualmente, as marcas automobilísticas”, adiantou. Trata-se de veículos ligeiros, de muito fácil uso, que não necessitam de autorização de condução e que estão desenhados para realizar distâncias curtas, desde os centros urbanos e hotéis até às praias.
Da parte da Universidade do Algarve, o investigador Jânio Monteiro expôs que o T2UES dá continuidade ao projeto GARVELAND – Plano de ação para a promoção da mobilidade elétrica em áreas de especial interesse turístico e ambiental, em que foi desenvolvida uma estação de carregamento inteligente, “procurando utilizar o máximo de energia que é gerada a partir das fontes renováveis e minimizando os consumos que advenham da rede elétrica”.
Com a iniciativa T2UES, “o objetivo é disponibilizar uma solução para as zonas de fronteira do Algarve e da Andaluzia, onde existe um grande potencial em termos de interesse na parte do turismo com este tipo de veículos”, vincou Jânio Monteiro.
“Neste momento, vamos tentar utilizar mais o potencial solar, que é bastante abundante, quer na região do Algarve, quer na região da Andaluzia”, destacou o investigador da Universidade do Algarve, ressalvando que os veículos elétricos também podem ser alimentados por energia eólica.
Contando que um dos parceiros já fabrica veículos elétricos, Jânio Monteiro revelou que esse parceiro vai proceder à adaptação dos veículos para que sejam compatíveis com as estações de carga e utilizem a energia gerada localmente, “não recorrendo tanto à rede elétrica, por uma questão de evitar também a sobrecarga”.
“Dentro de um ano e meio, sensivelmente, esperamos ter os primeiros veículos a serem desenvolvidos, a serem colocados no mercado, para fazer os primeiros testes”, declarou o responsável da Universidade do Algarve.
Assim, no final de 2020, espera-se que as especificações técnicas dos veículos e estações de carregamento estejam prontas, bem como as características do ‘software’ para o utilizador final, e que, ao longo de 2021, sejam feitas demonstrações da funcionalidade do protótipo dos veículos elétricos.
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