O parlamentar de extrema-direita declarou que espera ainda hoje um pedido de desculpa formal por parte do segundo magistrado da nação, em declarações nos passos perdidos do Palácio de São Bento.
Antes, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, advertiu o deputado do Chega por utilizar com "demasiada facilidade" as palavras "vergonha" e "vergonhoso" nas suas intervenções, acrescentando que é algo de desrespeita o parlamento e o próprio.
"Os factos que hoje ocorreram nesta casa são de uma tremenda e extraordinária gravidade. Além de o Presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado português, ter mandado calar um deputado eleito por um partido e pelo povo português, não lhe permitiu depois o direito ao exercício da defesa da honra, quebrando e quartando esse direito", lamentou Ventura.
Ventura estava a intervir no debate sobre a remoção de amianto de edifícios públicos e terminou discurso com críticas ao Governo por ter verbas para subvenções vitalícias, mas não as despender para a remoção daqueles materiais perigosos.
Em seguida, o tribuno do Chega pediu a palavra para "defesa da honra", dizendo que um deputado pode utilizar "as expressões que entende" em nome "da liberdade de expressão", mas o presidente da assembleia respondeu, interrompendo-o, que "não há liberdade de expressão quando se ultrapassa a liberdade dos outros".
"O Presidente da Assembleia da República manda calar quem ele quiser, no PS, na casa dele, como ele entender. O Chega não se vai calar nem perante o presidente da Assembleia da República nem por nenhuma outra figura do PS", assegurou.
Ventura disse que o Chega pesquisou quantas vezes a palavra "vergonha" foi utilizada noutras legislaturas e chegou à conclusão de que foi "imensas, de todos os partidos, desde o BE ao PS" e queixou-se ainda de a deputada bloquista Joana Mortágua, no mesmo debate parlamentar, ter recorrido, em seguida, à mesma expressão e de não ter sido alvo de qualquer sanção por parte de Ferro Rodrigues.
"Dada a gravidade destes factos, que é enorme, o Chega vai pedir ao Presidente da República uma audiência urgente, atendendo ao que se passou hoje e porque está em causa, verdadeiramente, o regular funcionamento das instituições", anunciou Ventura.
O deputado do Chega afirmou ainda ter recebido diversas manifestações de solidariedade de outros deputados e da sociedade civil em geral em face do episódio e sublinhou que é a democracia que fica em causa, pois o presidente da Assembleia da República não pode definir que palavras os parlamentares utilizam.
(Artigo atualizado às 17:57)
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