"O que se passou ontem foi uma vergonha nacional", afirmou André Ventura, no final de mais uma reunião com especialistas no Infarmed, em Lisboa, sobre a situação epidemiológica em Portugal.

O deputado e líder do Chega criticou a "dualidade de critérios", de proibir "eventos públicos, alguns deles culturais e desportivos".

"Mas continuamos a ter manifestações, geralmente mais associadas à esquerda a quem tudo é permitido e a quem nada é proibido", afirmou, sem nunca se referir diretamente à manifestação de sábado contra o racismo.

Foi o argumento com que justificou tratar-se de uma "vergonha nacional", dado que "os portugueses estão confinados há meses" e depois vêem imagens de manifestações e vêem "outros a gozar com o trabalho deles, com o esforço e o sacrifício".

"Por muito nobres que sejam os motivos" das manifestações, afirmou, não se podem "estar a exigir aos partidos, aos setores da sociedade civil e empresarial que cumpram regras e haja outro parte da sociedade que se sinta impune e sem qualquer necessidade de cumprir regras".

No sábado, milhares de portugueses saíram em rua em manifestações contra o racismo nalgumas cidades portugueses, em solidariedade para com outras ações do género que evocam a morte de George Floyd, um afro-americano de 46 anos que morreu em 25 de maio, em Minneapolis (EUA), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção.

Nesta manifestação, muitos usaram máscara, mas o distanciamento social imposto pela prevenção da covid-19 esteve bastante longe de ser cumprido.

Sobre a situação epidemiológica, Ventura alertou que a situação e números em Lisboa e Vale do Tejo representam um problema, que "pode vir a causar um retrocesso no desconfinamento" e que "desvalorizá-lo não é a melhor opção".

O que é preciso, defendeu o deputado do Chega, é, "com humildade, estudar o que se passa, identificar causas, e arranjar soluções, com humildade e sem preconceito ideológico".

É o que "uma parte da esquerda quer fazer" e transformar o caso num "cavalo de batalha", acusou ainda.

O parlamentar do Chega defendeu que é preciso "fazer mais" quanto à segurança nos aeroportos e alertou que uma agência europeia "já identificou dois aeroportos como de alto risco", Lisboa e Porto.

Os primeiros segundos da sua intervenção foram usados para comentar as notícias sobre uma petição “on-line” que defende a extinção do Chega por fascismo, utilizando uma frase usada pelos comunistas espanhóis: “Não passarão” (“No pasarán”).

“Lamento muito que, em democracia, continuem a suceder-se e a noticiar-se petições para o fim do partido que lidero e tentativas de ilegalização do mesmo. Isso demonstra bem o nível de democracia que temos em Portugal e o quanto não estavam habituados a viver nessa democracia. Não passarão”, disse.