O anúncio foi feito pelo presidente da Câmara Municipal da Guarda, Carlos Chaves Monteiro, no final da reunião do júri que hoje se reuniu 'online', dadas as circunstâncias da pandemia causada pela covid-19.

Segundo o autarca, o júri, na análise que fez das 14 candidaturas, decidiu por unanimidade atribuir o galardão a Ángel Marcos de Dios, reconhecendo o seu "mérito académico e científico" na área da Língua e Literatura Portuguesas, e "a sua longa e profícua dedicação ao desenvolvimento e aprofundamento das relações culturais [e] académicas entre Portugal e Espanha".

O vencedor da edição deste ano é professor catedrático jubilado da Universidade de Salamanca (Espanha).

"Ángel Marcos de Dios foi um dos principais impulsionadores do crescimento e representatividade dos Estudos de Língua e Cultura Portuguesas no meio académico, tendo promovido e dirigido as licenciaturas de Filologia Portuguesa e em Estudos Portugueses e Brasileiros na Universidade de Salamanca, uma das mais antigas e prestigiadas Universidades da Europa, contribuindo de forma decisiva para fecundar o intercâmbio e a cooperação ibérica, aliados a uma visão de abertura ao mundo e ao saber que caraterizam o verdadeiro espírito universitário", disse o autarca aos jornalistas.

De entre as obras publicadas destacam-se "História da Literatura Portuguesa", "Escritos de Unamuno sobre Portugal", "Os portugueses na Universidade de Salamanca", "Letras Portuguesas: literatura comparada e estudos ibéricos", entre centenas de artigos e vasta obra coletiva, indicou Carlos Chaves Monteiro.

O galardoado também fundou e dirigiu a revista "Estudos Portugueses e Brasileiros" e criou o Grupo de Estudos Hispano-Lusófonos, centrado nos estudos comparativos das línguas e literaturas espanhola, portuguesa, brasileira e lusófona.

Instituído em 2004 pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), com sede na Guarda, o prémio destina-se a galardoar personalidades ou instituições com "intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas".

O júri foi constituído pelos membros da direção do CEI (presidente da Câmara Municipal da Guarda e reitores das Universidades de Coimbra e de Salamanca - Espanha), pelos elementos das Comissões Científica e Executiva do CEI e por quatro personalidades convidadas: Álvaro Laborinho Lúcio e Artur Santos Silva (indicados pela Universidade de Coimbra) e Luis Miguel García Jambrina e Lucia Rodil (indicados pela Universidade de Salamanca).

O galardão, com o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e diretor honorífico do CEI, já distinguiu várias personalidades de relevo de Portugal e de Espanha.

Nas edições anteriores receberam o prémio Eduardo Lourenço a professora catedrática Maria Helena da Rocha Pereira, o jornalista Agustín Remesal, a pianista Maria João Pires, o poeta Ángel Campos Pámpano, o professor catedrático de direito penal Jorge Figueiredo Dias, os escritores César António Molina, Mia Couto, Agustina Bessa-Luís, Luís Sepúlveda e Basilio Lousada Castro, o jornalista e escritor Fernando Paulouro das Neves, o teólogo José María Martín Patino e os professores e investigadores Jerónimo Pizarro, Antonio Sáez Delgado e Carlos Reis.

O prémio deste ano será entregue em data a anunciar pelo CEI e pela Câmara Municipal da Guarda.