A posição foi assumida por João Lourenço na cerimónia oficial de investidura como novo chefe de Estado angolano, que decorreu hoje, em Luanda, perante milhares de pessoas que assistiram igualmente à despedida de José Eduardo dos Santos, após 38 anos no poder.
“A corrupção e a impunidade têm um impacto negativo direto na capacidade do Estado e dos seus agentes executarem qualquer programa de governação. Exorto por isso todo o nosso povo a trabalhar em conjunto para estripar esse mal que ameaça seriamente os alicerces da nossa sociedade”, afirmou João Lourenço, perante uma forte ovação popular.
No primeiro discurso enquanto novo chefe de Estado angolano, João Lourenço traçou o objetivo de combater as desigualdades sociais ou a mortalidade infantil, prometendo que os “anseios e expectativas dos cidadãos” vão constar “permanentemente” da agenda do executivo e que vai regularmente “auscultar” a população.
“O nosso lema será renovação e transformação na continuidade. Melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”, sublinhou.
Controlar a taxa de inflação – numa altura em que o país permanece mergulhado numa forte crise económica, financeira e cambial – aplicando “regras rígidas” de política cambial e fiscal, com uma “atenção” virada igualmente à banca para garantir a “credibilidade internacional”, foram outras promessas deixadas por João Lourenço no discurso de investidura, ao qual assistiu o Presidente cessante, José Eduardo dos Santos.
A reforma do Estado entra igualmente nas prioridades do novo Governo angolano, para “permitir o desenvolvimento harmonioso sustentável do território e das comunidades”, prevendo a “descentralização de poderes, a implementação gradual das autarquias e a municipalização dos serviços em geral”.
“A estrutura do Executivo será reduzida de modo a garantir a sua funcionalidade sem dispersão de meios e evitando o esbanjamento e o desperdício de recursos que são cada vez mais escassos”, apontou ainda Lourenço.
Nesta lógica insere-se a promessa de reduzir a burocracia na administração pública, nomeadamente para propiciar o investimento privado e com isso garantir a industrialização do país e o consequente aumento das exportações, com a aposta a passar pela agricultura, pecuária e pescas, entre outros setores que João Lourenço aponta como alternativas ao petróleo.
Neste mandato, o novo Presidente angolano promete fazer uma revisão do Programa de Investimentos Públicos e entrega da sua gestão a privados, para garantir uma maior eficiência.
Melhorar a prestação de cuidados de saúde e a educação em Angola, com o reforço da capacitação de quadros angolanos, foram igualmente prioridades fortemente ovacionadas durante o discurso de João Lourenço, que assumiu ainda o compromisso de modernização das Forças Armadas Angolanas
“Como é fácil de constatar, são enormes os desafios que temos pela frente, de modo a conduzirmos com êxito os destinos do nosso país, a honramos os heróis da nossa história e a prepararmos um futuro melhor para as atuais e as gerações vindouras”, concluiu João Lourenço, num discurso de quase uma hora, ao qual assistiram cerca de duas dezenas de chefes de Estado e de Governo.
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