“Nós não perseguimos pessoas”, afirmou o chefe de Estado, na primeira conferência de imprensa do Presidente João Lourenço, com mais de uma centena de profissionais de órgãos nacionais e estrangeiros, quando passam 100 dias após ter chegado à liderança do país.

Em causa está a rescisão do contrato entre a Televisão Pública de Angola (TPA) e a empresa Semba Comunicações, detida por Welwítschia “Tchizé” e José Paulino dos Santos “Coreon Dú”, filhos de Eduardo dos Santos, que geriam os canais 2 e Internacional da TPA, até à rescisão do contrato, a 15 de novembro.

Questionado sobre como encarava os comentários na sociedade angolana, de uma suposta perseguição aos filhos de José Eduardo dos Santos, também face à exoneração de Isabel dos Santos (outra das filhas do ex-chefe de Estado), do cargo de presidente do conselho de administração da Sonangol, João Lourenço minimizou o assunto.

“Em primeiro lugar, não sou diretor da TPA, quem rescindiu o contrato com a empresa que geria o canal 2 e a TPA Internacional, foi a TPA”, respondeu o chefe de Estado angolano.

“Tanto quanto sabemos das razões da rescisão desse contrato é que o contrato era bastante desfavorável ao Estado”, disse.

Segundo João Lourenço, o contrato foi assinado numa determinada conjuntura (em 2007), que hoje é diferente, tendo-se constatado que “os termos do contrato são bastante lesivos aos interesses do Estado”.

“E se não for o Estado a defender os seus interesses, quem o fará? Neste caso, a TPA, a empresa que neste domínio representa o interesse do Estado, ela não fez outra coisa se não defender os seus interesses, ou seja, os interesses do Estado”, frisou.

O chefe de Estado angolano, recorrendo ao lema da campanha eleitoral do MPLA, partido no poder e de que é vice-presidente, disse que está a ser corrigido o que está mal.

“O que nos foi orientado fazer é corrigir o que está mal, então vamos continuar nesta senda de procurar corrigir o que está mal”, assegurou, salientando que o executivo que lidera “está empenhado em procurar fazer esta correção sem olhar as pessoas que estão à frente deste ou daquele projeto”.

“Se os contratos são prejudiciais ao Estado, dei há bocado o exemplo do Porto de águas profundas da Barra do Dande, se é lesivo aos interesses do Estado, com certeza que o Estado tem que se defender e fazer algo para que o Estado tenha moral de exigir boas práticas aos privados, aos cidadãos. Só pode fazê-lo se ele próprio for o primeiro a dar o bom exemplo”, disse.

João Lourenço reiterou que “não são pessoas” que “foram perseguidas”, mas “foram situações que comprovadamente são lesivas ao interesse público, ao interesse do Estado”.

“Que acreditamos que a grande maioria dos cidadãos apoiaram a medida que foi tomada pela TPA”, referiu.