José Pedro Cachiungo falava aos jornalistas no Centro de Imprensa das eleições gerais angolanas, pouco depois de a porta-voz da Comissão Nacional Eleitoral, Júlia Ferreira, ter anunciado os primeiros resultados provisórios da votação.
De acordo com a CNE, quando estavam escrutinados quase seis milhões (5.938.853 eleitores) do total de 9.317.294 eleitores, o MPLA (partido no poder há 42 anos) obtinha 64,57% dos votos, abaixo da maioria qualificada, enquanto a UNITA alcançava os 24,04%, acima da votação de 2012.
"Temos contagens diferentes, muito diferentes", disse José Pedro Cachiungo, acrescentando que "a lógica baseia-se nas [atas-síntese das assembleias de voto] que refletem aquilo que, de facto, aconteceu nas urnas".
"A lógica da CNE tem como base algo que só a CNE sabe explicar. Nós não sabemos de onde é que esses resultados estão a vir", realçou.
Para o mandatário da UNITA, "há diferenças nos números em todas as províncias".
"Não é possível, hoje em dia em Angola, o MPLA ganhar em todas as províncias, como a senhora Ferreira está a dizer", afirmou.
Os números que estão a ser compilados pela UNITA baseiam-se nas atas-síntese das assembleias de voto, obrigatoriamente assinadas pelos delegados de lista presentes no momento da contagem e posteriormente afixadas no local da votação.
Com base nesses números, o partido liderado por Isaías Samakuva diz que apenas o MPLA e a UNITA podem ganhar, mas por diferenças mínimas que abrem caminho às coligações contra o partido no poder, admitidas pelos principais partidos da oposição.
"Há uma diferença muito renhida. Primeiro, nenhum partido vai conseguir ganhar com uma maioria muito expressiva. Segundo, os partidos com possibilidades de ganhar estas eleições são a UNITA e o MPLA", disse José Pedro Cachiungo.
Quer ganhe um ou outro, salientou o mandatário, "a diferença vai ser mínima".
"Daqui adviriam soluções parlamentares sobre as quais agora os analistas se vão debruçar", disse José Pedro Cachiungo, numa referência a um acordo pós eleitoral com a CASA-CE de Abel Chivukuvuku.
A coligação CASA-CE - que também contesta a veracidade dos números provisórios apresentados hoje pela CNE - também admitiu a possibilidade de se coligar com a UNITA para "deslocar o MPLA" do poder.
Questionado sobre se a UNITA pretende contestar os resultados das eleições, José Pedro Cachiundo respondeu negativamente.
"Estamos abertos a trabalhar com a CNE para ver onde estão as nossas diferenças e o país ainda está calmo. Vamos convidar a CNE a que ambos conciliemos as nossas visões e cada um argumentará com robustez a razão dos números que produz", disse.
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