O MPLA está na frente da contagem das eleições gerais angolanas, com 64,57% dos votos, abaixo da maioria qualificada, ainda com um terço das mesas de voto por escrutinar, indicam números provisórios divulgados hoje pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
De acordo com os totais nacionais provisórios anunciados hoje em Luanda pela porta-voz da CNE, Júlia Ferreira, com 16.692 mesas escrutinadas (65,53% do total) até ao momento, e 5.938.853 (63,74%), o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) lidera a contagem com 2.802.806 votos (64,57%).
Este resultado está para já ligeiramente abaixo do objetivo da maioria qualificada traçada pelo MPLA, partido no poder em Angola desde 1975.
“Os militantes tudo fizeram para chegarmos à maioria qualificada [2/3 dos votos] Vamos esperar que o resultado definitivo seja assim”, disse aos jornalistas, numa primeira reação, na sede do MPLA, o secretário do bureau político do Comité Central para as relações internacionais, Julião Mateus Paulo “Dino Matrosse”.
Na segunda posição surge a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), com 1.043.255 votos (24,04%) e depois a Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), com 371.724 votos (8,56%).
Presente na conferência de imprensa de apresentação dos primeiros números pela CNE, o mandatário nacional da UNITA, José Pedro Cachiungo, acusou tratarem-se de resultados “falsos” e que nada têm a ver com a contagem paralela, baseada nas atas síntese enviadas pelos delegados de lista, que o partido está a fazer.
Também a CASA-CE, pela voz da sua mandatária nacional, Cesinanda Xavier, assumiu aos jornalistas que a coligação “não está de acordo com estes resultados”, igualmente em função da contagem paralela que está a realizar, pelo que “possivelmente os dados foram forjados”
O Partido de Renovação Social (PRS) surge na quarta posição desta votação, com 59.357 (1,37%), seguida da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), com 41.034 votos, (0,95%) e por último a estreante Aliança Patriótica Nacional (APN), com 22.471 (0,52%).
Estes resultados são no entanto condicionados só pelo círculo provincial de Luanda, em que apenas 29,37% das mesas foram já escrutinadas.
Segundo a CNE, a abstenção cifra-se, neste ponto da contagem, provisória, nos 23,17%, equivalente a 1.375.884 eleitores.
A votação decorreu entre as 07:00 e as 18:00 de quarta-feira, em todo o país, e a CNE indicou que deverá anunciar nas próximas horas os resultados preliminares da eleição.
Mais de 9,3 milhões de angolanos estavam inscritos para escolherem, entre seis candidatos, o sucessor de José Eduardo dos Santos - que não integrou qualquer lista candidata -, com a votação a decorrer até às 18:00.
Estas são as quartas eleições gerais da história angolana desde a independência, em 1975. Concorreram o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), desde sempre no poder, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), o Partido de Renovação Social (PRS), a Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e a Aliança Patriótica Nacional (APN).
O cabeça-de-lista pelo círculo nacional do partido ou coligação de partidos mais votado é automaticamente eleito Presidente da República e chefe do executivo, conforme define a Constituição, moldes em que já decorreram as eleições gerais de 2012.
Vitória anunciada pelo MPLA. Vitória contestada pela UNITA
Esta manhã, o MPLA anunciava a vitória, antes sequer de a CNE divulgar os resultados oficiais. "Temos vindo a fazer a compilação dos dados que os nossos delegados de lista nos têm remetido, das atas síntese que obtiveram das assembleias de voto a nível de todo o país. E, numa altura em que temos escrutinado acima de cinco milhões de eleitores, o MPLA pode garantir que tem a maioria qualificada assegurada", disse o secretário do Bureau Político, para as questões políticas e eleitorais, João Martins, em declarações aos jornalistas.
O vice-presidente da UNITA, Raúl Danda, contestou hoje o anúncio de vitória do MPLA nas eleições gerais angolanas, exortando a Comissão Nacional Eleitoral "a ter a coragem de divulgar os resultados provisórios reais" que vão chegando aos partidos.
"Não sei de onde o MPLA está a tirar este resultado. Nós estamos a falar daquele que é o resultado real, e que estamos à espera que a CNE tenha coragem de divulgar. Não sabemos porque não o fez até agora", disse à agência Lusa Raúl Danda.
A UNITA diz que os resultados que lhe estão a chegar contradizem o anúncio da MPLA.
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