Ao fim de seis meses da vacinação, os anticorpos detetados podem não proteger suficientemente da covid-19, diz o estudo. Ao Diário de Notícias (DN), Lucília Araújo, uma das especialistas que coordenou o estudo, afirma que os resultados do estudo apontam para a necessidade de uma terceira dose, mas por etapas: em primeiro lugar aos casos de risco, depois aos que foram vacinados há mais de seis meses e, por fim, "a toda a população, independentemente da idade, para que os surtos possam ser controlados, evitando ainda a evolução para variantes mais agressivas".

"O que verificámos é que a nossa população [profissionais de saúde] teve uma resposta extraordinária à vacina — 97,7% responderam com um nível muito elevado de títulos de anticorpos ao fim dos 14 dias da segunda dose da vacina —, mas que estes desceram abruptamente ao fim de três meses, em média para cerca de um sexto. Esta descida manteve-se ao fim dos seis meses", explicou.

Apesar da confirmação de descida, há dados importantes que foram surgindo. Quem mantém mais anticorpos? Há diferença entre faixas etárias?

Uma das conclusões apontadas é o facto de esta descida ser "mais suave em indivíduos que tinham tido contacto com o vírus anteriormente, demonstrando que estas pessoas desenvolveram uma resposta mais robusta". Por outro lado, "os funcionários mais jovens responderam de uma forma mais exuberante, com títulos de anticorpos mais elevados, enquanto nos mais idosos a resposta ia descendo".

A investigadora refere ainda que outro dado que despertou curiosidade foi "que o género masculino respondeu pior do que o género feminino ao longo do tempo".

Mas o estudo permitiu perceber outras coisas. "Começámos a seguir logo metade do total da população que aderiu ao estudo, mesmo antes da vacinação, cerca de 4.400 pessoas, e detetámos logo que, destas, 6% já tinham anticorpos, provavelmente pessoas que terão tido contacto com o vírus sem qualquer história de sintomatologia e que desenvolveram infeções que nunca foram diagnosticadas", frisou, destacando que este é um dado "muito importante", porque "permitiu solicitar a estas pessoas que adiassem a vacinação, uma vez que tinham anticorpos", para ajudar a combater a "escassez de vacinas" na altura.

Com tudo isto, Lucília Araújo não tem dúvidas: "Sou totalmente favorável à administração de uma terceira dose e acredito que, mais dia menos dia, esta terá de ser disponibilizada, sobretudo para o contexto hospitalar", rematou. Isto porque, apesar dos valores apontados, a vacina ajuda a evitar a doença agravada e reduz a mortalidade.

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