Durante a segunda sessão de audições públicas no inquérito para a destituição do Presidente dos EUA, Yovanovitch repetiu a tese (que já tinha defendido numa comissão privada da Câmara de Representantes) de ter sido vítima de uma campanha de desinformação por parte de Donald Trump (que levou ao seu afastamento do cargo).
A ex-embaixadora na Ucrânia disse que essa campanha contou com a colaboração de cidadãos ucranianos contratados por Rudolph Giuliani, advogado pessoal do Presidente, para a afastar do seu lugar de embaixadora.
Marie Yovanovitch atribui essa campanha ao facto de ela ter sido uma acérrima defensora do combate contra a corrupção na Ucrânia, que teria mexido com vários interesses poderosos.
Ao mesmo tempo que prestava o depoimento no Congresso, Yovanovitch era criticada pelo Presidente dos EUA, que na sua conta pessoal da rede social Twitter a acusava de tudo correr mal por onde a embaixadora passa.
“Em todos os lugares por onde passa correu mal. Começou mal na Somália, em que deu? A seguir na Ucrânia, onde o novo Presidente ucraniano falou mal dela no meu segundo telefonema para ele”, escreveu Trump no Twitter, referindo-se à carreira de Yovanovitch.
No Congresso, a ex-embaixadora mostrou-se também alarmada por o Departamento de Estado, a que está ligada, não a ter protegido destes ataques perpetrados pelo advogado pessoal do Presidente, dizendo que a sua instituição está “em crise”.
Donald Trump é acusado de abuso de poder no exercício do cargo, por ter pressionado o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, a investigar as alegadas atividades corruptas junto de uma empresa ucraniana de um filho de Joe Biden, ex-vice-Presidente dos EUA e atual rival político do Presidente dos EUA.
Marie Yovanovitch considera que Rudolph Giuliani orquestrou uma campanha para justificar a sua remoção do cargo de embaixadora na Ucrânia, para evitar que ela obstaculizasse este plano paralelo à diplomacia norte-americana.
A ex-embaixadora diz-se chocada pela falta de atitude crítica do Departamento de Estado, perante este cenário.
“O Departamento de Estado está a ser esvaziado, num momento complexo do cenário mundial”, denunciou a Yovanovitch.
Minutos antes do depoimento da ex-embaixadora, o representante Republicano Devin Nunes leu em voz alta um memorando divulgado pela Casa Branca, que resume a primeira conversa telefónica entre Trump e o Presidente ucraniano.
Segundo esse documento, a conversa teve lugar em abril - três meses antes do telefonema que espoletou o inquérito para destituição, em que Trump terá pedido ajuda a Zelensky para investigar a família de Joe Biden – e consta essencialmente de elogios e palavras de parabéns pela recente eleição do Presidente ucraniano.
Devin Nunes disse que este memorando prova que Donald Trump nunca quis pressionar o Presidente da Ucrânia e que nada de errado pode ser encontrado nas conversas entre os dois líderes, muito menos que justifique o inquérito para destituição.
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