“O vento era muito forte, era como o diabo, que corria mais do que nós”, desabafou João Dias, em declarações à agência Lusa.
No vizinho concelho da Sertã, Rute Silva, viu o seu marido ajudar no combate às chamas que deflagraram no sábado em Pedrógão Grande e que provocaram, segundo o último balanço oficial, 62 mortos e 54 feridos.
“Não podíamos ficar sozinhos. Somos uns para os outros”, diz a moradora, que há quase 24 horas não vê o marido.
Apesar da ausência, a mulher não se mostra preocupada, porque ambos já estão “habituados a estas crises” e o marido já foi bombeiro.
“Agora anda por aí, mas ajuda a limpar terrenos e a acalmar os mais velhinhos”, diz Rute Silva.
No centro de Pedrógão Grande, hoje, há pouca gente nas ruas da vila do distrito de Leiria.
“Quem tem coisas para segurar, fica em casa. Quem não tem, vai ajudar”, explicou António Santos, reformado, sentado num banco de jardim.
Junto ao posto de comando, ao início da tarde, começavam a chegar bens de primeira necessidade.
O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Jaime Marta Soares, apelava às pessoas para que entreguem fruta e bens frescos para ajudar os homens envolvidos nas operações de combate às chamas.
“Tudo o que for fresco é bem-vindo”, disse o dirigente dos bombeiros.
Pelo menos 62 pessoas morreram no incêndio que atinge Pedrógão Grande e outros dois municípios desde sábado, de acordo com o último balanço efetuado hoje pelo secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes.
O fogo mantinha quatro frentes ativas, duas delas a arder “com muita violência” e duas em que os bombeiros estavam a conseguir ganhar terreno, adiantou o governante.
Em relação às dificuldades sentidas no combate ao fogo, Jorge Gomes disse que estão a ser utilizados os meios que as circunstâncias permitiam e, depois de os meios aéreos não terem podido atuar logo desde as 08:00 devido a uma cortina de fumo, um Canadair espanhol já estava no local a auxiliar os bombeiros no terreno.
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