Após suceder a Pedro Passos Coelho e ao Governo PSD/CDS-PP e surgir em Bruxelas, no período imediatamente ‘pós-troika’, como chefe de um Governo socialista apoiado pela ‘extrema-esquerda’ – a forma como Bloco de Esquerda e PCP são vistos no contexto europeu -, António Costa foi ganhando a confiança dos seus pares e protagonismo, a tal ponto que o seu nome até é um dos apontados para um dos altos cargos, cenário que o primeiro-ministro já rejeitou em absoluto.
Tendo sido o grande responsável pela escolha do ‘candidato comum’ do Partido Socialista Europeu (PSE), Frans Timmermans, às eleições europeias, depois destas Costa foi designado pelos Socialistas como seu ‘negociador’ para as conversações interpartidárias em busca de um consenso alargado sobre as nomeações para os cargos de topo da UE, juntamente com o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, também ele ‘embalado’ pelas vitórias do ‘seu’ PSOE nas eleições em Espanha (gerais e europeias).
A designação ganha mais peso atendendo às ambições renovadas dos Socialistas no plano europeu, reforçadas por vitórias em eleições (europeias, mas sobretudo nacionais) em vários Estados-membros, e que levam o PSE a querer liderar uma “aliança progressista” que tome as rédeas da Europa após um ‘reinado’ do Partido Popular Europeu ao longo dos últimos ciclos.
Na sexta-feira, e depois de receber, da parte da manhã, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para consultas, António Costa desloca-se uma vez mais a Bruxelas, para participar nas negociações em torno dos nomes a designar para os cargos de topo da UE, numa jantar informal no qual as três maiores famílias políticas europeias – Partido Popular Europeu (PPE), Socialistas e Liberais - se fazem representar, cada, por dois chefes de Governo.
Além de Costa e Sánchez, em representação dos Socialistas, participarão no jantar informal os primeiros-ministros belga, Charles Michel, e holandês, Mark Rutte, coordenadores da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE), e os primeiros-ministros croata, Andrej Plenkovic, e letão, Krisjanis Karins, os negociadores do PPE.
O objetivo é chegar a um entendimento – que terá necessariamente de envolver estas três famílias, face aos resultados das eleições europeias – sobre as personalidades a designar para as presidências da Comissão Europeia, Conselho Europeu, Parlamento Europeu e para o cargo de Alto Representante da UE para a Política Externa.
Apontado pela imprensa internacional como um nome a ter em conta, designadamente para a presidência do Conselho, precisamente face ao prestígio que foi ganhando no Conselho Europeu ao longo dos últimos anos, António Costa já afastou em absoluto tal cenário.
“É muito elogioso, mas eu não sou candidato a nada a não ser às funções que exerço em Portugal”, asseverou, por ocasião da cimeira de líderes sobre o futuro da Europa celebrada no mês passado em Sibiu, Roménia.
No entanto, António Costa fez questão de sublinhar que o facto de não ser candidato a um dos cargos de topo da UE não significa que não seja ativo no processo.
“Não, eu não sou candidato. Agora, serei parte ativa na decisão de qual deva ser a equipa dirigente da UE a seguir às eleições europeias”, disse na ocasião, antecipando o papel importante que o PSE lhe atribuiu para as negociações em curso sobre quem liderará a União Europeia nos próximos cinco anos.
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