Durante uma visita a duas fábricas de têxteis do grupo CBI, em Mangualde, o líder socialista aproveitou o momento de pausa das cerca de 300 funcionárias, para, no refeitório da unidade, lhes dizer que se o produto final tiver maior qualidade, pode ser vendido mais caro, refletindo-se depois nos salários, afirmação que lhe valeu fortes aplausos.
Para António Costa, só apostando na inovação, qualificação, experiência e estabilidade no trabalho se pode "ter um produto que, tendo maior qualidade, pode ter um valor mais elevado, e seguramente há de remunerar o Sr. Francisco, mas sobretudo há de também remunerar e tem que remunerar melhor quem trabalha", referiu.
Ao longo de vários corredores, o secretário-geral do PS assistiu às várias fases do processo de confeção dos fatos ali produzidos para várias marcas conhecidas de vestuário, até ao produto final, que na sua maioria tem como destino a exportação.
António Costa defendeu que é preciso continuar a melhorar o trabalho já alcançado para ambicionar que Portugal se aproxime cada vez mais "dos salários que se pagam nos países mais desenvolvidos", um esforço que "envolve todos" e que passa pela modernização das empresas, mas, sobretudo "acalentando e motivando quem trabalha".
Segundo disse Francisco Baptista, administrador do CBI, o grupo emprega 700 trabalhadores em Portugal, 400 dos quais nas duas unidades de Mangualde, além de 200 em Cabo Verde.
Com uma faturação anual que ronda os 30 milhões de euros, o grupo produz, em média, entre 1.500 e 2.000 fatos por dia, tendo por clientes marcas como Massimo Dutti, Calvin Klein, Ralph Lauren e Sacoor.
O mesmo responsável disse que o salário médio dos funcionários, na sua maioria mulheres, é de 700 euros, e que apenas uma pequena percentagem ganha o salário mínimo nacional, o que só acontece "no primeiro contrato".
Contudo, admitindo que é preciso pagar melhores salários, o administrador do grupo alertou para a necessidade de se produzir mais, adequando-se os horários de trabalho, porque se o grupo "pagar mais e as pessoas trabalharem menos, seguramente a competitividade foi-se".
Segundo aquele responsável, os principais concorrentes de Portugal na indústria têxtil são Marrocos e outros países do norte de África e do continente asiático.
"Os salários têm que ir subindo gradualmente e o melhor possível com a adaptação das empresas a um outro mercado que permita continuarmos a ser competitivos", concluiu.
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