"Foi há pouco anunciado pelo Dr. Eduardo Cabrita que ele solicitou hoje a sua exoneração das suas funções de ministro da Administração Interna e eu aceitei o seu pedido de exoneração", disse António Costa em declarações aos jornalistas, à margem de uma sessão empresarial.
"Já tive oportunidade de comunicar ao senhor presidente da República e oportunamente designarei uma personalidade para substituir o Dr. Eduardo Cabrita", apontou o primeiro-ministro, que aproveitou o momento para "agradecer estes seis anos de colaboração enquanto ministro adjunto e ministro da Administração Interna".
O nome escolhido ocupará o cargo enquanto o Governo estiver em funções, ou seja, até às eleições legislativas de 30 de janeiro de 2022.
António Costa destacou os "resultados e os ganhos em termos de segurança que o país teve ao longo dos últimos quatro anos, expressos em especial devido ao trabalho das forças de segurança na redução dos índices de criminalidade e também graças ao esforço dos cidadãos e da Proteção Civil em termos de diminuição do número de incêndios e de área ardida".
Segundo o primeiro-ministro, Cabrita aguardou "o tempo da justiça e tendo havendo hoje a conclusão de uma fase importante, a do inquérito da acusação", entendeu que "devia cessar as suas funções".
Aos jornalistas, o chefe do executivo precisou que foi Eduardo Cabrita que pediu a exoneração, na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
“Foi o Dr. Eduardo Cabrita que hoje me solicitou o pedido de exoneração. Tenho estado aqui desde ontem [quinta-feira] à tarde (…) Ele a meio da sessão, mandou-me uma mensagem a dizer que precisava de falar com urgência comigo, deu-me notícia de que tinha sido deduzida a acusação e que face a esta circunstância entendia que devia sair do Governo. Ele estava fora de Lisboa, disse que o faria à tarde quando chegasse ao ministério”, esclareceu o chefe de estado.
António Costa disse acreditar que o que determinou a decisão de Eduardo Cabrita foi “o tempo da justiça”.
“O que determinou o comportamento do ministro foi o entendimento que havendo um inquérito em curso não devia ter qualquer tipo de ação que condicionasse de qualquer forma que fosse o normal exercício das autoridades judiciarias e o funcionamento normal do estado de direito”, disse.
Escusando-se a fazer comentários sobre o caso, António Costa disse, no entanto, existir “um sistema de justiça independente que funciona”.
“Depois de muitos meses em que muita gente especulou politicamente. O Governo fez o que lhe competia, que foi respeitar as instituições e deixar que as instituições funcionassem. Vi e ouvi acusações sobre a falta de idoneidade da GNR, falta de idoneidade do ministério Publico”, salientou.
E acrescentou, “espero que todos aqueles que fizeram essas acusações tenham bem consciência de que apontaram o dedo erradamente”.
Agradecendo os seis anos de colaboração enquanto ministro Adjunto e ministro da Administração Interna, António Costa salientou os “resultados e ganhos em termos de segurança que o país teve ao longo dos últimos quatro anos”.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, demitiu-se hoje, na sequência da acusação de homicídio por negligência do Ministério Público ao seu motorista pelo atropelamento mortal de um trabalhador da autoestrada A6, em junho deste ano.
Numa declaração aos jornalistas, em Lisboa, onde fez um balanço do seu mandato, Eduardo Cabrita referiu-se ao acidente que provocou a morte de um trabalhador na autoestrada dizendo que “mais do que ninguém” lamenta “essa trágica perda irreparável” e deixou críticas ao “aproveitamento político que foi feito de uma tragédia pessoal”, algo que disse ter observado “com estupefação”.
"É por isso que hoje não posso permitir que este aproveitamento político absolutamente intolerável seja utilizado no atual quadro para penalizar a ação do Governo, contra o primeiro-ministro, ou mesmo contra o PS. Por isso entendi solicitar a exoneração hoje das minhas funções de ministro da Administração Interna ao senhor primeiro-ministro", disse o ministro demissionário.
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