Esta posição foi transmitida pelo líder do executivo nacional na sua conta pessoal na rede social X (antigo Twitter), depois de ter recebido em São Bento, o Presidente da Guiné-Bissau no âmbito da visita de Estado que está a realizar a Portugal.

“É uma visita histórica por ser a primeira visita de Estado de um Presidente guineense, e por coincidir com os 50 anos da declaração da independência da Guiné-Bissau”, escreveu António Costa.

Durante a reunião com Umaro Sissoco Embaló, segundo o primeiro-ministro português, foi discutido o aprofundamento da relação bilateral, a cooperação ao nível da Comunidade de Países de Língua Portuguesa “e os múltiplos desafios” com que os dois países se deparam nos contextos regionais e global”.

Antes de se ter reunido em São Bento com António Costa, o chefe de Estado guineense foi esta manhã recebido no Palácio de Belém pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente português elogiou a "estabilização institucional" da Guiné-Bissau, perante o seu homólogo guineense, e saudou a "capacidade de diálogo" entre altos representantes dos dois países.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, a Guiné-Bissau tem mostrado "uma estabilização institucional que se traduz neste momento em viver o que Portugal já vive há praticamente oito anos – e outros estados de língua oficial portuguesa vivem há menos tempo também – que é uma coabitação estabilizada" entre Presidente da República e Governo.

Portugal e Guiné-Bissau têm "sistemas de governo que não são exatamente iguais", com "um pano de fundo semelhante que é o semipresidencialismo, mas nuns casos mais presidencialismo, noutros casos menos", referiu o Presidente português.

No seu entender, a "estabilização institucional" da Guiné-Bissau determina "condições para a cooperação bilateral e para a atividade conjunta multilateral".

Dirigindo-se a Umaro Sissoco Embaló como "amigo e irmão", Marcelo Rebelo de Sousa saudou "a capacidade de diálogo que tem existido a nível dos dois chefe de Estado, de diálogo, de amizade fraternal".

"E também do chefe de Governo português [António Costa] – uma vez que o sistema guineense é 'presidencializante', dentro do semipresidencialismo, o que implica um contacto executivo forte, em conjunto naturalmente com o Governo guineense", acrescentou.

Já o Presidente da Guiné-Bissau, condecorado hoje por Marcelo Rebelo de Sousa com o Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique, disse que é um homem do povo, um disciplinador, e não um ditador.

"Consegui reposicionar a Guiné-Bissau no concerto das nações, não há pequenos Estados, só pequenos países, somos todos iguais, mas para balizar isso temos de ter estabilidade. E muitas vezes em África, quando queremos repor a ordem e a disciplina, as pessoas tratam-nos como ditadores. Ora, eu não tenho nada de ditadura, sou uma pessoa afável, sou como o Presidente Marcelo, sou um homem do povo, não posso ser um ditador", disse Sissoco Embalo.

A Guiné-Bissau foi a primeira colónia portuguesa em África a tornar-se independente. A independência foi proclamada unilateralmente em 24 de setembro de 1973, decorrida uma década de luta armada.

As Nações Unidas reconheceram de imediato a independência da Guiné-Bissau, e Portugal apenas um ano mais tarde, em setembro de 1974, após o 25 de Abril.