De acordo com o documento, que esta quarta-feira foi apresentado, a percentagem de adultos portugueses (25 aos 64 anos) que não terminaram o ensino secundário (47,8%) é mais do dobro da média europeia (21,6%), o salário médio real dos jovens licenciados caiu 17% entre 2010 e 2018, e os portugueses licenciados ganham, em média, mais 750 euros do que aqueles que só têm o ensino secundário.

No seu primeiro evento anual — nove meses após o seu lançamento —, a Fundação José Neves (FJN) torna público o "Estado da Nação sobre Educação, Emprego e Competências em Portugal", um documento que "analisa a transformação destes indicadores em Portugal na última década e o impacto recente da pandemia Covid-19".

Os portugueses também estão mais qualificados "mas há desajustamento entre a educação e o mercado de trabalho", adianta ainda o relatório. Uma parte substancial dos jovens com ensino superior não está empregada (19,4%) ou está a trabalhar em ocupações que não exigem este nível de ensino (15%).

Ainda na educação, é indicado que Portugal tem o maior fosso entre gerações da União Europeia. Trocado por números: "enquanto 3 em cada 4 jovens adultos têm pelo menos o ensino secundário completo (75,2%), nem metade dos adultos mais velhos concluiu esse nível de ensino (46,5%)". "Esta coexistência paradoxal (...) coloca desafios particulares ao sistema de ensino e mercado de trabalho em Portugal", sublinha o "Estado da Nação" da JFN.

Produzida em conjunto com investigadores da Universidade do Minho e da Universidade de Aveiro, com base em dados do INE, do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social e do Brighter Future, entre outras fontes, o documento conclui ainda que as mulheres são mais qualificadas do que os homens, mas que "a disparidade salarial continua a penalizá-las independentemente do nível de educação e área de estudo". Em média, os homens licenciados ganham mais 38% do que as mulheres com o mesmo grau de ensino, o que também se verifica nos restantes níveis de escolaridade: mais 32% nos mestrados e mais 28% no ensino secundário.

Em comunicado, Carlos Oliveira, Presidente Executivo da FJN, destaca que "a informação do relatório permite a todos os portugueses, e em particular aos agentes da educação, ao Governo, às instituições de ensino e à própria FJN, tomarem decisões sustentadas em factos e agirem de forma alinhada com aquelas que são as exigências de uma sociedade e de um mercado de trabalho em transformação acelerada".

Relativamente ao impacto da pandemia, os dados do relatório demonstram que a Covid-19 "acelerou o potencial de desigualdade em termos de idades e qualificações". De acordo com a primeira edição do documento da Fundação José Neves, o emprego mais penalizado foi o dos jovens, dos menos qualificados e dos trabalhadores de alguns setores de atividade, como alojamento, restauração, agricultura e serviços administrativos.

O neurocientista português António Damásio, o cantor canadiano Bryan Adams e a apresentadora Fátima Lopes são apenas alguns dos oradores de um painel diversificado, num evento onde será ainda conhecido o programa de desenvolvimento pessoal da Fundação, o 29k FJN.

O lançamento da primeira edição do "Estado da Nação" poderá ser acompanhado em direto, a partir das 14h30, na plataforma digital da fundação (https://joseneves.org/), nas redes sociais da FJN (YouTube, Facebook e Linkedin) e no Sapo Vídeos.

[Notícia atualizada às 17h25]

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