“É importante haver um incentivo a que, de facto, exista uma subida das taxas de juro dos depósitos dos bancos portugueses”, afirmou o governante em declarações no Ministério das Finanças.
A referência é a taxa de juro dos depósitos dos bancos na zona euro, que anda “na casa dos 2,11%” e este “deveria ser um referencial a incentivar, de facto, a banca portuguesa a convergir para esses valores (…), isso seria natural”, defendeu.
O apelo do Presidente da República é, por isso, “um apelo relevante, dada a influência” que “tem na sociedade portuguesa”, considerou João Nuno Mendes, recordando que o Governo e o ministro das Finanças também já se pronunciaram nesse sentido.
O Presidente da República pediu hoje, em Santarém, um “esforçozinho” aos bancos para “tornar mais atraente” o pagamento dos depósitos aos portugueses.
Falando durante a visita após a inauguração da Feira Nacional da Agricultura, Marcelo Rebelo de Sousa fez este apelo tendo em conta a procura dos certificados de aforro, sinal de que “os portugueses acham que aquilo que a banca está a pagar é pouco”.
A banca, defendeu o Presidente, “tem que fazer no mínimo um esforçozinho para perceber que quando as pessoas apostam em taxas de juros de três vírgula tal é porque recebem na banca um terço e que a situação não é indefinidamente deixar ou suspender ou adiar ou deixar de recorrer a esses meios alternativos de poupança, de aforro, só porque a banca entende que deve, não só recuperar o passado, como precaver-se para o futuro”.
Marcelo Rebelo de Sousa falou do fim da comercialização da série E dos Certificados de Aforro e a criação da nova série F, com uma taxa de juro base inferior, anunciada sexta-feira à noite e criticada por partidos da oposição, que acusam o executivo de fazer favores à banca.
"Houve zero cedência à banca", a decisão faz parte de “uma correta gestão da dívida pública” afirmou, repetidamente, o secretário de Estado das Finanças, João Nuno Mendes.
O instituto de gestão da dívida pública portuguesa “tem feito um enorme esforço para acomodar a procura de subscrição de certificados” que tem ocorrido, salientou, relembrando que o planeado para este ano inteiro era fazer cerca de 3,5 mil milhões e neste momento já se chegou aos “10 mil milhões em essencialmente cinco meses, o que é absolutamente extraordinário”.
Além disso, sustentou, “também havia a necessidade de adequar a taxa de remuneração dos certificados com o nível de remuneração dos restantes financiamentos da República”.
O produto, afirmou ainda, continua a ser atrativo e competitivo para os aforradores, atendendo à remuneração conseguida com outros produtos de aforro, nomeadamente os juros de depósitos bancários.
A taxa de juro base da série E, agora suspensa, acompanha a evolução da Euribor a três meses, não podendo da fórmula de cálculo resultar um valor inferior a 0% e superior a 3,5% ao que acrescia um prémio de permanência de até 1%.
Já a taxa de juro base da nova série F também varia consoante a Euribor a três meses, não podendo ir além dos 2,5%, a que acresce um prémio de permanência que pode ir até 1,75%.
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