Desde que foi anunciada, há cinco anos, a intenção de construir um museu sobre o Estado Novo em Santa Comba Dão, terra natal de Salazar, tem estado envolta de polémica.

Anunciado pela Câmara de Santa Comba Dão em 2018, a obra recebeu um voto de condenação, um ano depois, pelo parlamento. O ministério da Cultura, agora com Pedro Adão e Silva com a pasta, distanciou-se do projeto contando ao Expresso que “não tem conhecimento nem acompanha o projeto promovido pela autarquia”.

Mesmo antes de ser ministro, Adão e Silva já tinha manifestado objeção à construção do museu ao juntar-se a uma petição contra o projeto que reuniu mais de 18 mil assinaturas.

Já o autarca de Santa Comba deixou claro que não procura “santificar a figura de Salazar”, mas sim “repor os acontecimentos dos fatos”, durante o período de ditadura, para que os “jovens percebam as virtudes da democracia e impeçam situações semelhantes no futuro”, disse ao semanário.

O projeto será realizado por fases, até porque a Câmara procura ainda financiamento. A primeira será inaugurada em finais de maio, garante o autarca, e servirá de teste para as seguintes. Leonel Gouveia pretende “auscultar a comunidade” para depois avançar ao “modelo final”.

Quando foi anunciado em 2018, o Centro Interpretativo do Estado Novo chegou a fazer parte da Rota das Figuras Históricas, iniciado pelo ADICES - Associação de Desenvolvimento Local e tinha uma parceria com o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20), da Universidade de Coimbra, mas ambas as parcerias acabaram por ficar por terra. A primeira foi “descontinuada”, ficando a autarquia sem financiamento para avançar, e a segunda por “razões internas” do CEIS20.

Leonel Gouveia, entretanto, garante que está à procura de novas parcerias e vai candidatar-se a financiamentos para avançar com as fases seguintes. Para já, está assegurado o “pré-projeto” na antiga Escola-Cantina Salazar, no Vimieiro, com data de inauguração prevista para final de maio.

O espaço onde vai surgir o novo centro de interpretação é de 1942 e, segundo o autarca, mantém até hoje “intacta” a arquitetura original daquilo que foi a educação no período do Estado Novo.