Licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa e apreciador de filosofia, área que seguiu no doutoramento, João Saldanha de Azevedo Galamba, com 47 anos, foi considerado um ‘enfant terrible’ do PS e chegou ao Governo em 2018, após vários anos como deputado, para assumir o cargo de secretário de Estado da Energia.
Muitos questionaram a sua nomeação para o Governo, pela imagem de pessoa que gosta de confronto, mas o seu desempenho como secretário de Estado da Energia, uma das áreas de governação mais complexas, valeu-lhe a confiança de António Costa para ascender a ministro das Infraestruturas, sucedendo a Pedro Nuno Santos, que ‘caiu’ devido à polémica indemnização paga à antiga administradora da TAP Alexandra Reis.
Assumidamente impulsivo, Galamba protagonizou vários confrontos nas redes sociais, um dos quais com Sandra Felgueiras, então na RTP, na sequência de uma reportagem sobre o licenciamento da exploração de lítio em Montalegre, classificando o trabalho da jornalista de “estrume e coisa asquerosa”.
Foi, de resto, a área da energia que acabou por levar à sua saída do Governo, já durante o mandato de ministro das Infraestruturas, e não a TAP ou o novo aeroporto, dois dos seus dossiês mais ‘quentes’.
Durante a comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, e após um caso de confrontos no seu ministério, Galamba chegou mesmo a apresentar a demissão ao primeiro-ministro, António Costa, em maio, que não a aceitou, contrariando o Presidente da República.
Poucos dias antes de ter sido constituído arguido no âmbito de uma investigação do Ministério Público a negócios do lítio, do hidrogénio e do centro de dados de Sines, João Galamba foi escolhido pelo primeiro-ministro para encerrar o debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2024, o que foi visto por muitos jornalistas e comentadores políticos como uma provocação de António Costa a Marcelo Rebelo de Sousa.
No discurso, o ministro citou o Presidente da República, dizendo que a proposta do Governo seguia a única estratégia possível.
“Senhoras e senhores deputados, permitam-me citar sua excelência, o Presidente da República: Este orçamento segue a única estratégia possível. E, pedindo permissão, acrescentar: e é mesmo um bom orçamento”, declarou João Galamba.
Considerado um dos ‘jovens turcos’ do PS (da ala esquerda), João Galamba apresentou hoje o pedido de demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, por considerar que é a única decisão possível para assegurar à família a tranquilidade e discrição a que têm direito.
“Apresentei este pedido de demissão após profunda reflexão pessoal e familiar, e por considerar que na minha qualidade de pai e de marido esta decisão é a única possível para assegurar à minha família a tranquilidade e discrição a que inequivocamente têm direito”, lê-se no comunicado enviado pelo Ministério das Infraestruturas.
Na audição na Assembleia da República, na sexta-feira, no âmbito da discussão na especialidade da proposta de Orçamento do Estado para 2024, João Galamba tinha dito que não tinha intenção de se demitir.
O Presidente da República exonerou hoje, com efeito imediato, o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, que lhe foram propostas pelo primeiro-ministro.
Nas últimas eleições legislativas, em janeiro de 2022, João Galamba foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Lisboa.
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