O almoço serviu para assinalar o Dia Mundial do Refugiado, que todos os anos se comemora em 20 de junho para chamar a atenção para a situação dos refugiados em todo o mundo, e a ministra-Adjunta e dos Assuntos Parlamentares fez-se acompanhar de alguns casos de sucesso para ouvir as suas histórias e ficar a par de como tem sido o processo de integração de cada um.

O almoço decorreu no restaurante Mezze, em Lisboa, um projeto de integração de refugiados do Médio Oriente, através de formação e emprego em restauração, onde, à volta da mesa, se partilharam histórias de luta, superação, conquista, mas também muitas dificuldades.

Tajala Abidi é afegã e chegou a Portugal com um contrato de trabalho. Diz estar feliz e aproveita para revelar que criou uma associação e que atualmente está a trabalhar num projeto para trazer para o país onze raparigas afegãs para prosseguirem os estudos.

“O nosso objetivo é tê-las aqui até setembro e é por isso que estamos a trabalhar hoje em dia com diferentes instituições em Portugal, para termos tudo preparado para que quando cheguem aqui tenham uma vida pessoal e profissional e possam iniciar os estudos numa universidade”, adiantou.

Norina Sohaid, também afegã, veio para Portugal em Março de 2022 ao abrigo de um projeto chamado Terra de Abrigo – Agricultura para Refugiados, graças ao qual conseguiu evitar o campo de refugiados. Quer estudar e aproveitou para sugerir a Ana Catarina Mendes, mas também à secretária de Estado da Igualdade e Migrações, que estava presente, que sejam replicados pelo país projetos como aquele de que fez parte.

“Reparei que na maior parte das zonas do interior de Portugal há universidades que precisam de estudantes e os locais precisam de pessoas que fiquem lá. Por que não aproveitar isso trazendo mais refugiados para cá, sobretudo os mais jovens, que querem estudar?”, questionou.

“Não os mantenham em campos de refugiados, tragam-nos para as universidades”, pediu, destacando que se trata de uma geração experiente e educada que depois poderia ajudar a promover a economia local.

A história de Ghalia Taki, síria, é um pouco diferente. Ela e a família acabaram detidas em Portugal quando, em 2014, viajavam com passaportes falsos para tentar chegar à Suíça. Hoje trabalha para o Serviço Jesuíta aos Refugiados como intérprete e mediadora sócio-cultural, mas admite que o seu processo de integração foi difícil e aproveitou para chamar a atenção para várias questões que, considerou, não têm corrido tão bem.

Desde logo, defendeu a necessidade de um plano nacional obrigatório para a aprendizagem do português por pessoas refugiadas, mas alertou também para a demora nos serviços de saúde em dar resposta a pessoas com um contexto particular e que precisariam de respostas mais diligentes.

Entre os outros refugiados presentes no almoço houve também quem chamasse a atenção para a dificuldade na procura de uma escola pública para o filho ou na relação com os serviços públicos. Muitos destacaram a segurança do país e todos agradeceram pela forma como foram recebidos e têm sido tratados.

A ministra ouviu todas as histórias e salientou o facto de a palavra mais ouvida ter sido ‘obrigado’, aproveitando também para agradecer o facto de todas aquelas pessoas terem escolhido Portugal como segunda casa.

Salientou os sucessos, mas admitiu que existem dificuldades, nomeadamente no ensino do português, aproveitando para salientar que foram reforçadas as verbas no atual Orçamento do Estado e sublinhando que o ensino da língua é fundamental para uma melhor integração.

Ana Catarina Mendes elogiou o “contributo inestimável” dado pelo refugiados a Portugal, nomeadamente para a segurança social e para a economia, deixando a garantia de que será com eles quer será construída uma “sociedade inclusiva, plural, humanista, tolerante e solidária”.