Os manifestantes começaram a reunir-se junto às escadarias da Assembleia da República pelas 15:00. A maioria deslocou-se de autocarro de Setúbal para Lisboa.
Este protesto ocorre no dia em que o parlamento discute em plenário três projetos de resolução e uma petição que visam a suspensão das dragagens no rio Sado.
“Custe o que custar, doa a quem doer, o rio Sado é para defender” é a principal mensagem, proferida pelos manifestantes, que têm cartazes, tarjas, megafones e chapéus de chuva, num dia de mau tempo em todo o país.
“A dimensão da contestação é tal que decidiram enfrentar este tempo para estar aqui hoje para defender o Sado”, sublinhou à agência Lusa David Nascimento, da SOS Sado.
Para o porta-voz da associação, as dragagens no rio Sado “são uma ambição irrealista do Porto de Setúbal e do Governo” e, por isso, “devem ser suspensas”.
“O Governo deve repensar este atentado ambiental. Iremos continuar a lutar nas ruas e nos tribunais, pois esta é uma causa ambiental”, apontou.
A acompanhar os manifestantes esteve também o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza, André Silva, que alertou para as consequências negativas das dragagens.
“Esta atividade económica pode aumentar o valor de negócio, mas pode pôr em causa atividades como o turismo. Portanto, pretendemos a revogação das autorizações para as dragagens”, afirmou.
Entretanto, no interior do parlamento, alguns manifestantes e representantes de associações de defesa ambiental sentaram-se nas galerias do parlamento para acompanhar a discussão dos projetos de resolução e da petição sobre esta matéria.
Os documentos apresentados pelos partidos serão votados apenas na sexta-feira.
O projeto de melhoria das acessibilidades marítimas ao Porto de Setúbal prevê a retirada de 6,5 milhões de metros cúbicos de areia do estuário do Sado em duas fases, a primeira das quais, para a retirada de 3,5 milhões de metros cúbicos de areia, já adjudicada pela Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) e em fase de execução desde quinta-feira da semana passada.
Questionada pela agência Lusa, a APSS confirma que a segunda fase das dragagens foi excluída ainda em 2017, mas os contestatários das dragagens desvalorizam esta informação e lembram que a Declaração de Impacte Ambiental contempla as duas fases do projeto.
A administração portuária, dizem, pode lançar novo concurso público para a realização da segunda fase, uma vez que essas obras já estão licenciadas.
Por resolver continua ainda o problema da deposição de uma parte dos dragados na denominada zona da Restinga, que tem a oposição das organizações de pescadores de Setúbal por se tratar de uma zona de pesca e ser considerada de grande importância para a reprodução de várias espécies.
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