Nas redes sociais, a União Zoófila, associação que acolhe centenas de cães e gatos abandonados num abrigo em São Domingos de Benfica, fundada em 1951, denunciou que "alguém anda a deixar 'armadilhas' para os cães nos parques da cidade de Lisboa".

São "feitas de pão e do que parece ser pele ou outro produto de origem animal", mas não só: têm "pregos, parafusos e palitos encrustrados", o que faz com que os cães sejam atraídos e fiquem feridos.

"Estas armadilhas podem ferir tanto os cães como qualquer animal presente nos parques, que tenha fome e/ou curiosidade", refere a União Zoófila.

Ao SAPO24, Dulce Monteiro, voluntária da associação, refere que a armadilha que lançou o alerta foi encontrada por uma adotante no Parque do Vale do Silêncio, nos Olivais, em Lisboa, no final de agosto. Em 2018, um caso semelhante foi relatado na zona da Ajuda.

Contudo, o episódio dos Olivais pode não ser o único. "Muitas vezes chegam-nos relatos soltos, sem imagens, sem muita informação", assume.

Depois de publicado o alerta, chegaram mais histórias à União Zoófila, por parte de vários seguidores. "Há pessoas que deixam bolas de ténis com veneno à porta de prédios onde residem pessoas com cães na zona de Tercena e Massamá, mais uma vez para chamar a atenção dos cães e assim lhes poderem provocar dano", explica Dulce. "Infelizmente os maus tratos aos animais em Portugal mantêm-se... Muitas vezes disfarçados destas formas", remata.

Devido a todos estes casos, há conselhos que a associação pretende passar para os donos dos animais, nomeadamente quando passeiam nos parques:

  • É necessário manter "atenção redobrada";
  • Deve-se "manter o cão à trela antes de o soltar no parque para cães", de modo a ver o espaço em segurança;
  • "Perguntar a quem lá esteja se detetou algo digno de alerta para os restantes animais";
  • Se o cão apanhar algo, "retirar de imediato".

Contactada pelo SAPO24, a Polícia Municipal de Lisboa afirmou não ter conhecimento destes casos, remetendo resposta para o Gabinete do Vereador Ângelo Pereira.

Por sua vez, a autarquia explica que "os parques caninos instalados nos espaços verdes estruturantes são mantidos pela Câmara Municipal de Lisboa, enquanto aqueles que estão localizados em espaços não estruturantes são da competência das Juntas de Freguesia".

"Neste sentido, informamos que, até à data, nunca foram encontradas armadilhas em nenhum dos jardins sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa", informa a Câmara Municipal ao SAPO24.

Relativamente ao caso denunciado pela União Zoófila, a autarquia refere que "após conhecimento da armadilha detetada no Parque Vale do Silêncio, foram dadas orientações a todos os técnicos e às equipas que diariamente efetuam a manutenção dos espaços para estarem atentos e vigilantes quanto a este problema".

"Este é um assunto que nos preocupa, com contornos criminais, e que não pode deixar ninguém indiferente", remata a Câmara Municipal.

Contactada a PSP, não houve resposta às questões enviadas sobre o tema.