Uma política baseada na perspetiva dos cortes – nos salários, nas pensões, nos direitos – que acentuou as desigualdades, a exploração e o empobrecimento”, é desta forma que Arménio Carlos, líder da CGTP, em entrevista ao Notícias ao Minuto, descreve os últimos anos, desde a entrada na troika.

Vivemos um período de evolução, positiva, na opinião do líder sindicalista, uma vez que deixámos um governo que fazia “tudo contra os trabalhadores” e “tudo a favor das entidades patronais”, para um que tem apostado na “reposição dos direitos”.

Com o governo de direita, Arménio Carlos afirma que “não havia diálogo, não havia negociação, não havia rigorosamente nada". Já com António Costa à frente do governo a relação do governo com a CGTP é diferente, sobretudo porque "as promessas estão a cumprir-se" e tal facto "valoriza a política, os políticos e a democracia”.

O líder da central sindical relembra que, apesar da melhor relação com o executivo de António Costa, a CGTP não deixa de “criticar” o que não acha adequado, assim como procura “apresentar propostas alternativas para resolver problemas”. Por outro lado, o sindicalista, olha para as confederações patronais, seus parceiros sociais, como condicionantes em relação à ação do governo. Na opinião de Arménio Carlos, este será o maior desafio para o executivo do Partido Socialista: “ou se deixa ficar prisioneiro das pressões e chantagens das confederações patronais ou se liberta definitivamente e passa a governar para ir ao encontro daqueles que lhe deram voto.”

Arménio Carlos pede “criatividade” às administrações dos colégios privados.

Na entrevista publicada no diário digital, Notícias ao Minuto, o líder sindicalista aborda ainda os contratos de associação, afirmando que “não faz sentido nenhum que, tendo escolas onde foi investido dinheiro do erário público, estas não sejam rentabilizadas e seja desviado dinheiro dos nossos impostos para continuar a manter colégios [com contratos de associação]. Defendendo que “se há uma oferta pública, temos de rentabilizar aquilo que existe”.

Protesto de colégios privados com contratos de associação

O líder sindicalista acusa ainda o governo PSD/CDS de ter tido uma “postura hipócrita, cínica e contrária aos interesses do país”, ao ter cortado três mil milhões de euros na educação ao mesmo tempo que “andaram a financiar alguns colégios quando tinham escolas públicas ao lado”.

Arménio Carlos não se coibiu de deixar, em formato de ironia, um desafio aos administradores dos colégios privados: “se as administrações desses mesmos colégios foram tão criativas para fazer investimentos de ostentação e de luxo à custa do dinheiro do erário público para fazer da educação um negócio, então agora devem ter a mesma criatividade para, reduzindo os lucros, garantir a manutenção dos postos de trabalho."