As duas feiras literárias já não aconteciam praticamente em simultâneo há mais de uma década, mas para o editor da Relógio d’Água, Francisco Vale, isso não é impedimento para estar presente em ambas, disse à agência Lusa.
“Temos capacidade para isso, não levanta qualquer problema, agora é preciso saber as condições de segurança. A feira do livro é um momento importante entre autores e leitores e no caso da Relógio d’Água é na altura das feiras que somos também livreiros”, disse.
A 90.ª edição da Feira do Livro de Lisboa, que deveria estar a decorrer por estes dias no Parque Eduardo VII, foi reagendada por causa da covid-19 e marcada entre 27 de agosto e 13 de setembro, abrindo um dia antes da Feira do Livro do Porto.
A feira de Lisboa é organizada pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), com o apoio da autarquia de Lisboa, e a feira do Porto, nos jardins do Palácio de Cristal, é uma iniciativa da câmara municipal.
A notícia do adiamento da feira de Lisboa de maio para agosto “está a ser muito bem recebida pelos editores”, porque é “um momento importante” para o setor, disse o secretário-geral da APEL, Bruno Pires Pacheco, à agência Lusa.
A APEL devolveu o dinheiro pago pelos cerca de 120 participantes que já se tinham inscrito para a feira em maio, com a requisição de mais de 300 pavilhões, “porque viveram um momento aflitivo e precisavam de uma injeção de capital”, e abriu na segunda-feira um novo período de inscrições para a edição em agosto, “com um desconto significativo”, de 70%, para associados.
Pedro Sobral, do grupo editorial Leya, que tem uma das maiores presenças físicas na feira de Lisboa, disse à agência Lusa que “é uma boa notícia a feira acontecer”, numa altura em que o mercado livreiro tenta recuperar-se de meses de quebras de vendas por causa da pandemia.
O responsável, que também é vice-presidente da APEL, referiu ainda que a associação está a preparar um manual de condições de segurança e higiene, enquanto Bruno Pires Pacheco recordou que o Parque Eduardo VII é grande o suficiente para fazer possíveis ajustes na organização dos pavilhões.
“As pessoas vão poder mexer nos livros? Vamos ter autores? As pessoas vão aderir?”, são perguntas feitas à Lusa por Joana Freitas, responsável editorial da 2020 editora, que agrega, entre outras, as chancelas Elsinore e Booksmile.
Joana Freitas considera que as condições apresentadas agora pela APEL são melhores, com redução de custos de inscrição na feira, mas discorda da data escolhida de reagendamento, por sobreposição com a feira do Porto.
A 2020 Editora vai à feira de Lisboa e não estará este ano na do Porto, porque neste grupo editorial há apenas uma pessoa a gerir a participação em feiras e não consegue estar nos dois eventos em simultâneo, disse Joana Freitas.
Bárbara Bulhosa, da Tinta da China, também aposta sobretudo na Feira do Livro de Lisboa, “o grande evento literário, a grande festa com os autores” e onde espera fazer lançamento de obras de Matilde Campilho, Teresa Veiga ou de Filipe Melo e Juan Cavia.
A Tinta da China este ano não terá pavilhão no Porto, mas o catálogo estará à venda através de uma distribuidora, disse a editora.
O mesmo fará a Penguin Random House, grupo editorial que agrupa a Alfaguara ou a Companhia das Letras, com uma participação no Porto estarão através da livraria Flaneur e com os pavilhões habituais em Lisboa, disse à Lusa a editora Clara Capitão.
“Não é a situação ideal, mas é a possível e vamos tentar assegurar a presença de autores em ambas. Será, sem dúvida, uma feira diferente e apesar de ser um momento mágico, muito me surpreenderia se tiver o mesmo nível de afluência”, afirmou Clara Capitão.
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