França, fevereiro de 2016
O Presidente de Cuba iniciou nesta segunda-feira uma visita de Estado de dois dias a França, viagem que consagra uma nova etapa na normalização das relações da ilha com os países ocidentais.
Esta viagem será a primeira de um chefe de Estado cubano a França desde a visita realizada pelo seu irmão Fidel Castro, em 1995, na reta final da Presidência de François Mitterrand.
A visita de Castro a França acontece depois de o atual Presidente francês, François Hollande, ter estado em Cuba em maio de 2015, tendo sido o primeiro chefe de Estado ocidental a pisar solo cubano desde 1959.
Segundo a Lusa, França pretende afirmar-se como o “principal parceiro” político e económico europeu de Cuba.
México, novembro de 2015
Foi entre os dias 5 e 7 de novembro que Raúl Castro fez uma visita oficial ao México. Segundo informações da Lusa, a visita de estado teve "um significado especial” e ocorreu numa altura em que as relações entre os dois países atravessavam “um momento excelente”, depois de terem sido relançadas por ambos os governos em novembro de 2013.
As relações bilaterais entre estes dois países tinham esfriado entre 2000 e 2012, período em que o Partido Ação Nacional, de direita, esteve no poder, no México.
Assembleia Geral ONU, Nova Iorque, setembro de 2015
Foi no dia 28 de setembro que Raúl Castro discursou pela primeira vez na Assembleia Geral das Nações Unidas, onde exigiu o fim do embargo económico dos Estados Unidos a Cuba. O tema voltou a ser discutido, no dia seguinte, numa reunião entre Barack Obama e Castro.
Depois da reunião, e segundo informações da Lusa, a Casa Branca indicou que o encontro dos dois responsáveis se centrou nos “últimos avanços” no processo de normalização das relações entre os respetivos países, bem como nas “medidas adicionais” que ambos os Governos podem adotar para “aprofundar a cooperação”. Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, explicou numa conferência de imprensa que Castro pediu a Obama que utilize os seus poderes executivos para enfraquecer o embargo imposto à ilha, em vigor há mais de 50 anos, se quer continuar a avançar no processo de normalização das relações bilaterais.
Cimeira das Américas, Panamá, abril de 2014
Foi nesta Cimeira que Obama e Castro se cumprimentaram oficialmente pela primeira vez, depois de um primeiro contacto no funeral de Nelson Mandela, em dezembro de 2013.
Outro marco histórico foi o agendamento de uma reunião entre os dois presidentes, 50 anos depois de uma reunião oficial entre os chefes de Estado destes dois países, que conduziu a um afastamento de cinco décadas. Nesta ocasião, o presidente dos Estados Unidos afirmou que “os dias em que a nossa agenda política neste hemisfério assumia que os Estados Unidos podia interferir com impunidade ficaram no passado”.
Obama afirmou ainda que “à medida que avançamos para o processo de normalização, vamos ter várias divergências com Cuba, assim como as temos com outras nações do continente americano e com os nossos mais próximos aliados”, deixando a porta aberta para um entendimento entre os dois países.
No seu discurso na Cimeira das Américas, Raúl Castro afirmou que “o Presidente Obama é um homem honesto“, deixando no entanto a ressalva de que, apesar de haver uma abertura ao diálogo, o entendimento pode ainda levar algum tempo. “Quando digo que concordo com tudo o que o presidente acabou de dizer, incluo que concordamos em discordar”, afirmou Castro depois da reunião com Obama.
África do Sul, dezembro de 2013
Foi na deslocação de Raúl Castro às cerimónias fúnebres do ex-líder sul-africano Nelson Mandela, em que participou como um dos oradores da homenagem, que se deu o primeiro encontro entre o Presidente cubano e Obama.
Quando questionado, por uma rádio colombiana, sobre o aperto de mão trocado entre os dois, durante as cerimónias de homenagem a Mandela, Castro afimou categoricamente: “Normal, somos civilizados", disse citado pela Lusa.
A Casa Branca também tentou desvalorizou a situação ao condiderar que “não foi um encontro planeado com antecipação” e que “acima de tudo, hoje é um dia para homenagear Nelson Mandela e era esse o único foco de atenção do Presidente durante o serviço fúnebre”.
O breve aperto de mão entre Obama e Castro ocorreu quando o Presidente norte-americano se dirigia ao estrado no qual falou aos milhares de sul-africanos presentes na cerimónia.
China, julho de 2012
A primeira visita diplomática de Raúl Castro à China teve a duração de quatro dias e teve como objetivo a consolidação das relações com um país considerado um antigo aliado de Cuba, sendo que a China é o segundo maior parceiro comercial do país, depois da Venezuela.
“Estou muito satisfeito por, ao longo dos últimos anos, as relações entre a China e Cuba terem continuado a aprofundar-se e a desenvolver-se”, declarou Castro, citado pela Lusa, depois de ser recebido com honras militares no Grande Palácio do Povo, na praça de Tiananmen.
Por seu lado, o Presidente chinês, Hu Jintao manifestou a expetativa de que a visita de Raul Castro “permita promover eficazmente as trocas bilaterais e a cooperação” entre os dois Estados.
Venezuela, abril de 2010
Raúl Castro deslocou-se à Venezuela, em abril de 2010, por ocasião das comemorações do bicentenário da independência deste país.
Na altura, Castro afirmou estar "muito satisfeito porque as relações com os nossos irmãos venezuelanos consolidam-se e avançam. Por cada dia que passa ficamos mais parecidos", citado pela Lusa.
Esta visita seguiu-se a outra, efetuada por Hugo Chávez, a Cuba, em dezembro de 2009, no âmbito dos convénios da Aliança Bolivariana para as Américas, e onde se reuniu com Raúl Castro e ainda com o seu irmão Fidel Castro.
Nessa altura Chávez anunciou que a presença de Castro iria promover "uma visita de trabalho, uma visita oficial, e para continuar a reforçar e confirmar a unidade" entre os dois países.
Angola, fevereiro de 2009
Raúl Castro deslocou-se a Luanda a convite de José Eduardo dos Santos e assim retribuiu a visita do Presidente angolano a Cuba, em Setembro de 2007, que ambos admitiram ter sido um impulso nas relações bilaterais, que remontam a 1976.
Durante a visita, o Presidente cubano não deixou de elogiar a prosperidade do país conseguida depois do período de paz. "É um exemplo para muitos países na forma como souberam resolver sabiamente as suas grandes diferenças", afirmou Castro, citado pela Lusa.
A visita do Presidente cubano teve como pano de fundo a "irmandade indestrutível" forjada em "sangue e sacrifício" que liga Luanda e Havana, como lembrou Raul Castro.
Uma "irmandade" homologada pelo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, que tocou no "coração" cubano ao considerar "absurdo e anacrónico" o bloqueio económico dos Estados Unidos a Cuba.
José Eduardo dos Santos, num jantar em honra de Raúl Castro, chegou a afirmar que esperava que, na época, o recém-eleito Barack Obama, "que é muito sensível às questões humanitárias, mande revogar o embargo económico contra Cuba", e considerou não fazer sentido a manutenção de um bloqueio que "há quase meio século condiciona a vida de milhões de seres humanos, constituindo uma violação flagrante dos Direitos do Homem".
Rússia, janeiro de 2009
Antes de passar por Luanda, Raúl Castro teve a oportunidade de estar uma semana em visita oficial à Rússia, a primeira de um Presidente cubano desde a queda da URSS, em 1991, e aconteceu na sequência de uma visita do Presidente russo Dmitri Medvedev, a Cuba, em novembro de 2008. O principal tema discutido na visita foi a cooperação militar e tecnológica entre os dois países, segundo a Lusa.
Esta foi também a primeira visita oficial de Raúl Castro fora da América latina desde que tinha assumido a chefia do Estado, em julho de 2006. Outro facto interessante foi a duração da visita de Castro, sem precedentes na história da Rússia moderna, batendo o recorde estabelecido pelo líder líbio Muammar Kadhafi, que esteve instalado três dias na sua tenda montada no Kremlin de Moscovo.
Recorde-se que Fidel Castro esteve em, fevereiro de 1986, na então União Soviética, cujo desmembramento, em 1991, provocou uma grave crise económica em Cuba, que dependia em grande parte dos subsídios soviéticos.
Brasil, dezembro de 2008
Esta foi a primeira deslocação oficial de trabalho de Raúl Castro depois da sua tomada de posse oficial, em fevereiro de 2008, após ter assumido os destinos do país com o afastamento do seu irmão, Fidel Castro, em julho de 2006.
Nessa visita, onde foi recebido pelo homólogo brasileiro, Lula da Silva, Castro, agradeceu a "permanente rejeição" do embargo económico imposto pelos Estados Unidos a Cuba e defendeu que a América Latina tenha "voz própria".
"Nós, os latinos-americanos, já somos maiores de idade, podemos ter voz própria e dizer para os vizinhos do norte do nosso continente, para a Europa, Ásia, o mundo inteiro que podemos dar passos que nos conduzam a outra situação", disse citado pela Lusa.
Lula da Silva manifestou o seu apoio à causa cubana ao afirmar que "é fundamental que tenha fim esse embargo, que não tem sustentação política, ética e moral", referindo-se à situação com os Estados Unidos.
Durante a visita, Raúl Castro aproveitou para lançar algumas farmas ao líderes europeus e à União Europeia. No momento em que os dois presidentes estavam a posar para uma fotografia oficial, o líder cubano lançou a questão: "Querem que façamos como os políticos da União Europeia que apertam as mãos, sorriem, mas não têm uma relação fraterna?".
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