“Tomámos medidas enérgicas para reorganizar a equipa e reforçámos mecanismos de supervisão interna e externa, com maior intervenção junto das crianças. Hoje seria muito mais difícil acontecerem abusos como esses”, disse Luís Cardoso Meneses, em declarações à agência Lusa.

Em 12 de outubro, o Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto decidiu levar a julgamento seis arguidos acusados de “múltiplos crimes de maus tratos a crianças e jovens” num lar de Vila Nova de Gaia, segundo informação divulgada dias depois na página oficial da Procuradoria-Geral Distrital (PGD) do Porto.

Hoje, o Jornal de Notícias precisa que a instituição em causa é a Aldeia SOS de Gulpilhares, explicando que os arguidos são Rui Dantas, diretor entre 2013 e 2015, várias funcionárias e a própria associação.

Segundo Luís Cardoso Meneses, as cinco pessoas visadas no processo foram dispensadas da instituição já em 2015, quando a Direção das Aldeias SOS teve conhecimento do caso.

“Uma situação destas afeta sempre a imagem da instituição e a posição da Direção foi que qualquer tipo de mau trato é inadmissível. Temos uma política de proteção à infância, os colaboradores têm de seguir um código de conduta”, afirmou o secretário-geral da Associação Aldeias de Crianças SOS.

Posição similar foi, entretanto, emitida hoje pelo presidente do Conselho Diretivo das Aldeias SOS, Jorge Carvalho.

“Lamentamos profundamente esta situação. A nossa posição é, e será sempre, a de que qualquer tipo de maus-tratos são completamente inadmissíveis”, referiu o dirigente em comunicado interno enviado aos doadores das Aldeias SOS, a que a Lusa teve acesso.

“Estamos tranquilos, confiamos na justiça e aguardamos a conclusão do processo que está em curso. Continuaremos a trabalhar todos os dias para dar amor e um lar a cada uma das nossas crianças e merecer a confiança de todos os que nos apoiam e tornam possível o nosso trabalho”, assinala.

O caso será julgado na Instância Central Criminal de Vila Nova de Gaia em data ainda a determinar.

A PGD referiu que, entre 2013 e 2015, os arguidos terão aplicado “castigos físicos” a “diversas crianças e jovens”, para além de “os sujeitarem a tratamentos humilhantes”.

Acrescentou que o lar, que tinha “acordo de cooperação com a Segurança Social”, acolhia “crianças e jovens em situação de perigo e sem adequada retaguarda familiar”.

A Associação Aldeias SOS opera em Portugal há mais de 50 anos e já apoiou mais de 500 crianças.

(Notícia atualizada às 13:27)