“A título particular e a expensas próprias, caberia a esta Associação respeitar e ignorar tamanha devoção. Participar em jornadas da Juventude, onde manifestamente a idade não o recomenda, ir à missa e assistir à benzedura de um templo católico, é um assunto que a AAP ignoraria se o enviado fosse um membro da Conferência Episcopal, mas que considera um grave atentado à neutralidade religiosa do Estado laico, quando perpetrado pelo Presidente da República.

Em comunicado, a associação refere que tomou conhecimento da deslocação ao Panamá para, durante três dias, para participar na JMJ, assistir a uma missa papal e estar presente na bênção da restauração de um edifício religioso.

O anúncio na página oficial da Presidência da República, adianta a AAP, “convenceu a associação de que é de caráter oficial a viagem, atitude que, a ser assim, merece o seu maior repúdio por ser em representação do país”.

A Associação Ateísta Portuguesa afirma que não se revê nas frequentes manifestações de fé que o Presidente da República explicita publicamente e “lamenta a reincidência de Sua Excelência em manifestações pias, que ofendem gravemente a laicidade do Estado comprometem a neutralidade religiosa a que Constituição obriga”.

“Sem perda do respeito que é devido ao PR, a AAP sente-se profundamente ofendida quando vê o PR de joelhos ou curvado perante o clero de qualquer religião. O país não é um bando de beatos e não merece tal ofensa” acrescenta a associação em comunicado.

O presidente da República deslocou-se ao Panamá para participar nas XXXIV Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), a convite do seu homólogo panamiano Juan Carlos Varela.