Numa carta dirigida a vários responsáveis governamentais e autárquicos, entre eles o primeiro-ministro, o presidente do NDMALO-GE, Belmiro Cunha, refere ver com "apreensão" e estar em "desacordo" a instalação de um canal dedicado à superfície (Metrobus) em toda a extensão da Avenida Marechal Gomes da Costa, estranhado que o "projeto fantasma" esteja contemplado no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), tendo já um valor orçamental previsto e um cronograma predefinido.
O Metrobus da Zona Ocidental do Porto, projeto que sucede à solução inicialmente pensada para o Campo Alegre, vai fazer a parte superior da Avenida da Boavista e a Marechal Gomes da Costa, até à Praça do Império, não estando prevista, nesta fase, a sua continuidade para Matosinhos.
O NDMALO-GE acusa a empresa Metro do Porto de atender, em primeiro lugar, "interesse do cumprimento dos seus objetivos, "desprezando e desrespeitando os impactos que deixa na cidade (e arredores)".
"Foi assim nos terrenos que destruiu na Asprela, nos danos irreversíveis que causou na mais bonita Avenida e rua comercial de Matosinhos [Brito Capelo] e agora, se não a travarem, na destruição dos mais significativos e simbólicos jardins públicos do Porto e o conjunto de 500 sobreiros em Vila Nova de Gaia. Pensámos que é já destruição a mais a que se tem de pôr termo", lê-se na missiva hoje divulgada.
Reconhecendo que a construção do metro no Porto, e sucessivas extensões, como a obra do "século", o Núcleo de Lordelo do Ouro cita o exemplo que hoje existe na Avenida República de Matosinhos e de Gaia, para mostrar o seu desacordo com o trajeto proposto para a Boavista e defender a manutenção da Linha do Campo Alegre.
"O NDMALO-GE defende a necessidade de manter e avançar com a construção da Linha do Campo Alegre, toda enterrada e com ligação a Matosinhos, que é indiscutivelmente mais prioritária e servirá mais pessoas", observa.
Para Belmiro Cunha, se há vontade e dinheiro para fazer uma nova linha na Avenida da Boavista, então deve regressar à primeira proposta - a linha em toda a extensão da Avenida da Boavista, onde já circulou o elétrico, e que servirá um número maior de passageiros, especialmente no período das praias.
Esperando que as sugestões da associação possam ser ouvidas, o presidente do NDMALO-GE diz não aceitar o argumento de que a discussão pública no âmbito do PRR retire a necessidade de discutir publicamente a linha de Metrobus na Boavista, defendendo que, se trajeto avançar, é necessário realizar a discussão pública da Avaliação de Impacte Ambiental.
Em meados de março, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, disse que, no âmbito do PRR, a Área Metropolitana do Porto terá “uma nova linha [de metro] para Gaia”, estimada em 300 milhões de euros, e um Metrobus (autocarros elétricos que circulam numa via dedicada para o efeito) para a Boavista, no valor de 83 milhões de euros (que já incluem o material circundante).
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