“É lamentável que se continue a sujeitar as crianças a este tipo de internamento, mais ainda nesta época do ano”, afirmou Rui Nunes, numa nota enviada hoje à Lusa.

Questionado pela agência Lusa, o Centro Hospitalar de São João referiu apenas que “essa informação não corresponde à verdade”.

Rui Nunes, também docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, explica em comunicado que o centro hospitalar tem, atualmente, no edifício central cerca de 60 camas encerradas e a Pediatria tem, presentemente, uma lotação de 48 camas, das quais oito estão encerradas, acrescentando que “perante isto nada justifica que se sujeite as crianças e famílias a passar mais uma noite nos contentores”.

Por isso, o médico, a exercer no São João, desafia a ministra da Saúde, Marta Temido, a tomar providências para que o serviço de Pediatria seja transferido para o edifício central daquela unidade ainda antes do Natal.

“A senhora ministra visitou recentemente o hospital e a pediatria e esteve reunida com a administração. Quero acreditar que lhe foi transmitido que existem no hospital camas em número suficiente para evitar que as crianças internadas no Joãozinho tenham de passar mais um Natal em contentores”, frisou.

Rui Nunes questionou “que Natal” terão as crianças internadas, as suas famílias e os profissionais de saúde “naquelas instalações impessoais e pouco dignificantes".

Numa época em que se apela à paz, união e solidariedade, o presidente da associação considerou que a “melhor prenda” que a titular da pasta da Saúde poderia dar às crianças era a sua transferência para o edifício central, enquanto as obras da ala pediátrica não avançam.

O médico vincou que a opção por si preconizada "não carece de recursos que não estejam à disposição do hospital”.

“As camas estão lá, os profissionais de saúde e demais trabalhadores também. Que mais é preciso”, perguntou.

A 15 de dezembro, o Presidente da República anunciou que iria passar o dia de Natal, dia 25, junto das crianças com cancro internadas neste hospital.

Há dez anos que o hospital tem um projeto para construir uma ala pediátrica, mas desde então o serviço tem sido prestado em contentores.

Em 2016, cerca de um ano depois de ter começado, a obra da ala pediátrica que decorria em terrenos do Hospital de São João por iniciativa da Associação Joãozinho parou.

Esta segunda-feira, a Assembleia da República publicou, no Diário da República, uma resolução na qual recomenda ao Governo que desbloqueie “com urgência” a construção da nova ala pediátrica.

Antes, em 27 de novembro, o parlamento aprovou por unanimidade a proposta de alteração do PS ao Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) que prevê a possibilidade de recurso ao ajuste direto para a construção do centro pediátrico.

Posteriormente, o diretor clínico do hospital mostrou-se “muito satisfeito” pela decisão, prevendo que as obras arranquem já em 2019 e estejam concluídas em 2021.

Já esta terça-feira, após uma reunião entre o presidente da associação Joãozinho - que tem a titularidade da obra da ala pediátrica - e a administração do hospital, Pedro Arroja adiantou que vai elencar as “questões” a resolver antes de transferir a empreitada para o Governo.

Esta quarta-feira, o hospital recebeu o anteprojeto da nova ala pediátrica.

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