"Não pode ser um custo nem nosso nem dos espetadores fazer esses testes. Há vários espetáculos já programados, com bilhetes vendidos e não podemos mudar as regras do jogo. Esses testes, compreendemos que sejam necessários, mas têm de permitir o aumento de lotação das salas. A contrapartida que precisamos que exista é um aumento da lotação das salas", disse à agência Lusa, Rafaela Ribas, da direção da associação.

Em comunicado divulgado hoje, a Associação Espetáculo considerou "particularmente grave e irresponsável" a decisão do Conselho de Ministros, da passada quarta-feira, que obriga a realização de testes de diagnóstico à covid-19 para a entrada em eventos desportivos e culturais e participação em eventos familiares, incluindo casamentos e batizados.

Na conferência de imprensa a seguir ao Conselho de Ministros, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, explicou que cabe à Direção-Geral da Saúde (DGS) definir o número de participantes por evento a partir do qual é exigida a realização de teste à covid-19.

Questionada pela agência Lusa, Rafaela Ribas disse que a Associação Espetáculo desconhece as regras da testagem obrigatória para os eventos culturais e também não sabe quais as conclusões da realização dos eventos-piloto, ocorridos em abril e maio em Braga, Coimbra e Lisboa.

Esse eventos-piloto tinham como objetivo, segundo o Governo, definir "novas orientações técnicas e a realização de testes de diagnóstico de SARS-CoV-2 para a realização de espetáculos e festivais".

Certo é que muitos dos festivais de verão foram adiados para 2022, entre os quais o Rock in Rio Lisboa, Alive (Oeiras), Músicas do Mundo de Sines, Super Bock Super Rock (Sesimbra), CoolJazz (Cascais), Primavera Sound (Porto) e Boom Festival (Idanha-a-Nova).

E a programação cultural retomada, depois de dois períodos de confinamento, tem acontecido com lotação reduzida e em horários alterados, por causa das regras de contenção da pandemia definidas pelo Governo.

Rafaela Ribas recorda que "o setor demonstrou ser muito cumpridor de todas as regras, demonstrou que não houve contaminação e surtos" em todas as atividades culturais já realizadas, pelo que a lotação dos espetáculos deveria ser alargada perante a obrigatoriedade de realização de testes.

Segundo a empresária, a decisão de quarta-feira do Conselho de Ministros provocou "uma paragem quase total na venda de bilhetes".

"Os espetadores veem que vai ser preciso testar em eventos, há muita incerteza e isso leva a uma retração da compra e, neste momento, as bilheteiras estão paradas a aguardar uma definição melhor", lamentou.

A Associação Espetáculo pede um período transitório, nunca inferior ao início de julho, para a aplicação da obrigatoriedade de realização de testes para acesso a eventos culturais, para que os promotores se possam adaptar.

Defende ainda que os testes devem ser garantidos pelo Estado e realizados "por entidades creditadas para o efeito, fora do âmbito dos recintos dos espetáculos".