“Campo Aberto – Uma nova narrativa de crianças em campos de refugiados” é um dos quatro vencedores do prémio Art Explora – Prémio europeu de Academia de Belas-Artes, de acordo com informação disponível no 'site' oficial da fundação.
O projeto português venceu na categoria de Organizações culturais com despesas anuais até 500 mil euros.
“Campo Aberto – Uma nova narrativa de crianças em campos de refugiados” foi iniciado em 2019 pela cofundadora e diretora-geral da Hirundo Fausta Pereira, com uma bolsa da National Geographic.
Embora o projeto tenha sido iniciado em 2019, Fausta Pereira só conseguiu ir para o terreno em 2021, devido à pandemia da covid-19, recordou hoje em declarações à Lusa.
Fausta Pereira esteve em três campos de refugiados na Grécia a “ensinar crianças e jovens, entre os seis e os 21 anos, a contarem histórias através do cinema de animação, de forma criativa”.
O recurso ao cinema de animação permite que estas crianças e jovens, “algumas com situações complicadas”, consigam “contar histórias sem colocar em risco a sua privacidade”.
Fausta Pereira, que trabalha há mais de 20 anos como gestora de projetos de impacto social, salientou que nos campos de refugiados “qualquer atividade que surja de educação não formal é muito bem-vinda e bem aceite, as crianças muito disponíveis para atividades educativas e lúdicas”.
Em 2021, foram criadas seis curtas-metragens, que se estrearam no festival DocLisboa no ano passado e foram já apresentadas noutros festivais e ganharam prémios em Itália e no Chile, recordou.
Além disso, Fausta Pereira tem desenvolvido algumas atividades em escolas, “para mostrar os filmes e tentar criar empatia com os refugiados, que estão na Europa e aguardam resposta a pedido de asilo”.
“Um dos objetivos do projeto é criar empatia e mostrar quem são as pessoas que estão dentro dos campos. Quebrar muitos mitos e mostrar que [os refugiados] são pessoas como qualquer outra”, referiu.
Com os 50 mil euros do prémio da Art Explora, o plano é continuar o projeto.
“Vamos voltar aos campos na Grécia, mas desta vez também para ensinar e envolver na formação colaboradores das ONG que estão no local, de modo a que possam ficar com competências técnicas e equipamento para continuarem a fazer os filmes, depois da equipa do projeto sair”, contou Fausta Pereira.
O regresso à Grécia está marcado para março.
A Organização Não Governamental (ONG) Hirundo - Associação Para O Pensamento Crítico, Cultura e Desenvolvimento, com sede em Lisboa, foi criada em junho deste ano, “para conseguir alavancar projetos que alguns dos seus membros já tinham”, como é o caso de “Campo Aberto – Uma nova narrativa de crianças em campos de refugiados”.
“Queremos fazer projetos na mesma estratégia, utilizando educação e cultura, criatividade, para promover o pensamento crítico e a integração de novas culturas”, disse Fausta Pereira.
Atualmente, a Hirundo está a “desenhar projetos com outras organizações”. “Estamos no arranque de estabelecer parcerias. A nossa ambição é desenhar projetos sem fronteiras, para isso estamos a tentar chegar a outras organizações, ONG, à semelhança do que fiz com este projeto na Grécia, de modo a conseguir-se fazer o trabalho onde ele é necessário”, explicou.
A integração que a Hirundo tem na mira não visa apenas refugiados, mas também outras minorias.
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