Quase à mesma hora a que António Costa visitava um centro de saúde em Odivelas, Assunção Cristas estava reunida com a administração do Hospital de São José, em Lisboa, para, afirmou, “partir do conhecimento de uma realidade e não fingir que a realidade é cor de rosa, que é o que o primeiro-ministro faz”.
Após uma reunião de cerca de uma hora, a líder centrista afirmou ter ficado preocupada com o que ouviu, dado que hospital pertence a um “centro hospitalar que no ano passado diminuiu o número de cirurgias, número de consultas, aumentou os tempos de espera”.
Em conclusão, terminou o ano “com um défice de mais 200% relativamente ao ano anterior, ou seja, um buraco de 90 milhões de euros”.
O CDS, afirmou ainda, tem apresentado muitas propostas na área da saúde e tem “colocado muita pressão sobre o Governo, que tem a faca e o queijo na mão, que andou a enganar os profissionais de saúde”.
“Andou a apregoar o fim da austeridade que nunca existiu e isso está à vista de todos”, acrescentou, dando como exemplo a visita que fez hoje de manhã, respondendo, indiretamente, às declarações de Costa, durante a manhã, de que não há um “braço de ferro” com os enfermeiros.
A visita de Assunção Cristas ao hospital de São José foi a primeira que, na próxima semana, o CDS vai fazer a vários hospitais do país para avaliar o estado da saúde no país.
O agendamento destas visitas da líder do CDS coincide com várias deslocações previstas do chefe do Governo, também a estruturas de saúde, e Assunção Cristas assumiu que não é coincidência.
"Nós queremos, como sempre, contribuir positivamente para as soluções. Para isso temos que mostrar os problemas e não estar a escondê-los, não fingir que está tudo bem", afirmou, considerando "as coisas estão mal".
Inspirada na visita ao São José, a líder centrista defendeu mais recursos para os hospitais, com mais autonomia, por exemplo, e ainda recorrendo "aos chamados centros de responsabilidade integrada".
Este centros, exemplificou, "permitem equipas de médicos e enfermeiros gerirem o seu trabalho, com alguma autonomia e flexibilidade e aí certamente encontrar também um ambiente mais favorável para que todos os profissionais possam exercer o seu trabalho e se sintam valorizados".
A líder dos centristas lembrou propostas passadas do seu partidos, sobre o financiamento da saúde, menos ligadas aos "tais números da produção" com que o primeiro-ministro tem respondido nos debates quinzenais no parlamento, e "mais ligados ao resultado concreto para a saúde do doente".
"Isso é muito importante para perceber a qualidade do serviço prestado. Como é importante também dar autonomia aos hospitais para poderem gerir melhor os recursos humanos que têm e poderem fazer contratações, por exemplo, quanto a baixas prolongadas, ou quanto às reformas", concluiu,
Com um dia dedicado exclusivamente à saúde, Assunção Cristas evitou e não comentou qualquer outros assunto, como as polémicas em torno do Novo Branco.
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