Num almoço promovido em parceria entre a Associação 25 de Abril e a revista “Ânimo”, do artista plástico e antigo jornalista e assessor de imprensa do Grupo Parlamentar do PS António Colaço, Assunção Cristas foi questionada sobre o futuro do centro-direita em Portugal e recordou o resultado do partido nas autárquicas em 2017, quando o CDS passou a segunda força política na câmara da capital.
“Agora no país, se vai acontecer igual ou não, não sabemos, mas que vamos trabalhar para isso sim. Líderes da oposição já vamos sendo de facto, falta-nos ser de direito”, afirmou.
Cristas salientou, como tem dito, que desde as legislativas de 2015 “o voto dos portugueses se tornou mais livre” e a condição necessária para governar é ter pelos menos 116 deputados, manifestando o empenho do CDS-PP em trabalhar para engrossar esse resultado no centro-direita.
“Outros vêm agora dizer que são novos, mas com toda a franqueza, novidade não sei onde, porque nós todos já conhecemos os protagonistas”, afirmou, numa crítica implícita ao novo partido do antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes, Aliança.
“Do lado do CDS, assumimos que não somos um partido novo, mas um partido com uma história democrática de 44 anos, que como aqui foi referido, teve a grande qualidade de impedir populismos de direita e uma direita não democrática de ter expressão no nosso sistema”, salientou.
Na sua intervenção inicial, o presidente da Associação 25 de Abril, Vasco Lourenço, tinha realçado “o papel extraordinário” do CDS-PP em “conter, aguentar, muitos cidadãos que podiam passar para o espaço não democrático”, e manifestou dúvidas se tal irá continuar a acontecer em Portugal, “face à evolução do mundo e da Europa”.
“Faço votos sinceros para que o CDS tenha sucesso nesse campo e espero que alguns populistas que estão a criar partidos à pressa para concorrer às eleições – alguns já com provas dadas negativas, outros sem provas dadas -, espero que não tenham sucesso e que o CDS consiga manter este espaço de que em Portugal o eleitorado está no campo democrático e não entra para o campo do populismo da extrema-direita”, desejou.
Da assistência, veio também uma pergunta sobre a posição do CDS-PP sobre a descentralização e a regionalização, com Assunção Cristas a saudar a primeira, embora com “reservas ao processo em curso, sem meios financeiros”.
“Em relação à regionalização, aí eu imagino que o partido tenha de voltar a refletir sobre este assunto, e até imagino que haja mais regionalistas do que havia, mas maioritariamente o CDS é contra a regionalização”, afirmou.
Para Assunção Cristas, a dimensão do país, num tempo em que é mais fácil chegar a todas as partes do país, “não faz muito sentido estar a encontrar um nível intermédio de administração pública”, que pode até criar conflitos de competência.
“Se tivermos descentralização bem feita, aproveitando as Comunidades Intermunicipais, e tivermos o Estado a funcionar de forma menos burocrática e menos centralizadora, então acho que teremos melhores resultados”, defendeu.
Assunção Cristas tranquilizou ainda um dos participantes no almoço, que pediu ao CDS para assumir mais bandeiras tradicionais do partido como a pesca, caça ou tauromaquia, questionando se havia “falta de coragem” dos partidos para enfrentarem o PAN, que apenas tem um deputado.
“O nosso compromisso com o mundo rural, caça, pesca, tauromaquia, continuará a estar muito presente”, prometeu Cristas, aproveitando para lembrar que o cabeça de lista do partido às europeias, Nuno Melo, é ele próprio caçador.
Para março, estão previstos novos almoços Associação 25 de Abril/Ânimo com o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, e o deputado único do PAN, André Silva.
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