O conflito entre o regime de Bashar al-Assad, presidente da Síria, e alguns grupos rebeldes jihadistas há muito que assolam aquele país, mas tiveram um longo interregno em Alepo, a segunda principal cidade síria, fruto da ajuda da Rússia. Agora, contudo, regressaram em força.

O que aconteceu nos últimos dias?

Apesar dos principais confrontos se terem registado neste último fim de semana, a ofensiva do HTS começou na quarta-feira, após os jihadistas terem tomado, inicialmente, o controlo de uma base militar e de algumas dezenas de aldeias nos arredores de Alepo.

O passo seguinte foi dado na sexta-feira passada, quando os jihadistas se aproximaram da cidade. O controlo total, aparentemente, foi conseguido este domingo, mesmo com ataques aéreos sírios e russos a atingirem zonas controladas pela oposição, na tentativa de fazerem recuar este grupo armado jihadista.

Qual a razão deste avanço?

Tudo terá a ver com a...Ucrânia e o Hezbollah.

Dizem os especialistas que o HTS está a preparar-se há muito tempo e que serão agora 'mais profissionais' do que há uns anos, quando o regime de Bashar al-Assad, com a ajuda da Rússia, conseguiu afastar os rebeldes de Alepo.

Mais profissionais e como menos oposição. Tudo porque os aliados de Bashar al-Assad, nomeadamente a Rússia e o Hezbollah, têm tido outros confrontos pela frente.

Com as forças russas mais preocupadas com os avanços na Ucrânia e o Hezbollah tendo sofrido duras perdas nas operações de Israel no Líbano, o HTS aproveitou para reconquistar Alepo.

Que grupo jihadista é este?

O seu fundador foi Abu Muhammad al-Jolani e as suas primeiras raízes foram como membro do grupo que acabou por se tornar o Estado Islâmico e eram conhecidos como Jabhat al-Nusra ou Frente Al-Nusra, tendo declarado lealdade à Al-Qaeda. Em 2016, contudo, romperiam as ligações a este grupo e ficariam então conhecidos como Hay’at Tahrir al-Sham (HTS), após a fusão de vários outros grupos terroristas.

Após o rompimento de ligações, Abu Jaber Shaykh tornou-se o líder do HTS, que defende a ideologia da Frente Al-Nusra, pretendendo transformar a Síria num Emirado Islâmico Salafita.

São atualmente a fação mais poderosa da Síria e contam com 30 mil soldados, controlando totalmente a cidade de Idlib, onde vivem quatro milhões de pessoas.

São apenas superados, em combatentes,  pelo Exército Nacional Sírio.

Qual o balanço mais recente da invasão a Alepo?

A ofensiva fez pelo menos 412 mortos, incluindo 61 civis, segundo um novo balanço fornecido hoje por uma organização não-governamental (ONG).

Segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG sediada em Londres que tem uma rede de fontes no território sírio, a ofensiva custou a vida a 214 rebeldes, 137 membros das forças pró-regime de Bashar al-Assad e 61 civis.