Dezenas de colonos “apoiados por militares israelitas atacaram hoje durante a noite a aldeia de Jalud”, no norte da Cisjordânia, “arremessando pedras em direção às casas dos habitantes”, informou a agência noticiosa oficial palestiniana Wafa.

“Os soldados dispararam rajadas contra os aldeões, ferindo um na cabeça com uma bala de borracha e outros com balas reais”, acrescentou.

Outros três palestinianos ficaram feridos com pedras e dezenas asfixiados com o gás lacrimogéneo. A população local utilizou os altifalantes das mesquitas para pedir socorro às localidades vizinhas.

Os ataques estenderam-se a Turmusaya, a nordeste de Ramallah onde residem numerosos palestinianos de nacionalidade norte-americana, ou a Jerusalém leste, com ataques no bairro palestiniano de Silwan, com um balanço de cinco feridos segundo os serviços de emergência do Crescente Vermelho

Em Belém foram vandalizados vários veículos de palestinianos, enquanto habitantes do colonato judaico de Yitzhar disseram à cadeia televisiva Kan que interromperam o fornecimento de energia elétrica à aldeia palestiniana de Urif.

Estes ataques sucedem-se aos de terça e quarta-feira, quando centenas de colonos atacaram pelo menos três localidades palestinianas — Huwara, Turmusaya e Urif — com o balanço de um morto, dezenas de feridos e centenas de casas e veículos danificados.

Estas agressões foram uma resposta ao ataque armado de terça-feira por membros do movimento islamista Hamas — com crescente presença na Cisjordânia — perto do colonato de Eli e que provocou quatro mortos.

O porta-voz do Exército israelita, Daniel Hagari, indicou hoje que as tropas “não conseguiram impedir” os ataques dos colonos, que considerou “muito graves”.

Estes incidentes “provocam terror e escalada, e empurra [para o extremismo] a população que não está vinculada com o terrorismo, enquanto evita que o Exército lute contra o terrorismo em ações operativas”, justificou em entrevista à Rádio do Exército.

Diversos países, incluindo os EUA, e a ONU emitiram condenações pelos ataques dos colonos.

Cerca de 700.000 colonos israelitas estão instalados em colonatos — considerados ilegais pela ONU –, na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém leste, regiões onde vivem cerca de três milhões de palestinianos.

Desde o início de 2023, e segundo a ONU, pelo menos nove palestinianos foram assassinados em acidentes violentos com colonos, um número muito superior ao registado em todo o ano anterior.

Os colonos que participam nestas ações raramente são processados e condenados.

Na sede da ONU em Nova Iorque, o embaixador palestiniano denunciou hoje a “perigosa escalada” na Cisjordânia por parte das forças israelitas, e em particular por grupos de colonos, e pediu ao Conselho de Segurança que ponha termo à situação.

“Esta escalada, protegida pelo atual Governo israelita que autorizou colonos extremistas para fazer o que estão a fazer é algo que todos condenamos nos termos mais duros”, disse o embaixador palestiniano Riyad Mansur.

Israel conquistou a anexou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza — atualmente controlada pelo movimento islamista palestiniano Hamas — e Jerusalém leste na sequência da guerra de 1967. Os palestinianos pretendem que estes territórios constituam o núcleo central do seu ambicionado Estado independente.