A hipótese foi colocada lado a lado com outros dois planos, a cooperação bilateral com Portugal e o apoio da União Europeia (UE).

"Há um terceiro plano em que as coisas estão naturalmente ainda mais recuadas, porque isso não depende, nem exclusivamente, nem principalmente de nós, que é a intervenção ao nível das Nações Unidas", referiu Santos Silva ao programa Geometria Variável da rádio portuguesa Antena 1.

"Aí, o caminho é um pouco mais longo porque o Conselho de Segurança tem de se pronunciar", sem de imediato "haver uma missão propriamente dita", acrescentou.

A ONU tem estado no terreno ao nível da ajuda humanitária através das suas agências, como o Programa Alimentar Mundial (PAM), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) ou Organização Internacional das Migrações (OIM), entre outras.

Segundo o chefe da diplomacia portuguesa, uma outra intervenção da ONU, sem detalhar de que tipo, impõe-se devido ao nível de ameaça regional.

"A situação no terreno é muito complexa e é preciso ter em atenção que não estamos a falar só do norte de Moçambique: uma das razões que do meu ponto de vista justifica uma intervenção das Nações Unidas é que não podemos deixar a África Oriental tornar-se um campo de ação do terrorismo internacional", referiu.

A ameaça estende-se, atualmente, em toda a faixa leste do continente: "se começarmos a olhar, da Somália até Moçambique, é toda a parte oriental" de África.

Augusto Santos Silva referiu que o conflito armado em Cabo Delgado reflete também "problemas de expetativas não cumpridas" e "os perigos da lógica económica extrativista: vai-se a um sítio, tiram-se os recursos com uma enorme indiferença pela sorte da população e das outras dimensões do desenvolvimento".

A violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, está a provocar uma crise humanitária com mais de duas mil mortes e 560 mil pessoas deslocadas, sem habitação, nem alimentos, concentrando-se sobretudo na capital provincial, Pemba.

A província está desde há três anos sob ataque de insurgentes e algumas das incursões passaram a ser reivindicadas pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico desde 2019.

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