No grupo de Telegram onde têm feito várias comunicações, os ativistas climáticos do movimento Fim ao Fóssil anunciaram após a reunião no ministério da Economia que "após a recusa de António Costa Silva se demitir, ativistas colam-se à porta".
"Não saíamos até que ele saia!", foi a mensagem veiculada, depois de lida uma "carta de demissão" de António Costa Silva escrita pelos manifestantes. Na carta, os jovens colocam o ministro a reconhecer que não fez as apostas corretas e que defendeu o lucro das petrolíferas em vez de criar empregos pelo clima.
De acordo com a agência Lusa, cinco ativistas que se tinham colado ao chão na entrada do Ministério da Economia foram detidos pela polícia.
Aos jornalistas, António Costa Silva disse que procurou o diálogo, apesar das dificuldades de comunicação entre as duas partes.
"Eu estava preparado para ouvi-los, e ouvi. A minha demissão é um ponto central das reivindicações dos jovens, mas também estava à espera que houvesse propostas, porque estamos a responder à ameaça climática, que é absolutamente existencial", disse, lamentando aos jornalistas que o jovens não "querem discutir estas soluções".
"Centraram-se no meu passado e no meu percurso", continuou o ministro, reforçando uma vez mais que, apesar da sua ligação ao setor energético, posicionou-se a favor das energias renováveis. "Há mais de 20 anos que me apercebi que os combustíveis fósseis tinham um peso colossal na deterioração do planeta", declarou, acrescentando que procurou explicar aos ativistas que o Governo está a desenvolver várias iniciativas, "nomeadamente ao nível da descarbonização, da bioeconomia, da mobilidade sustentável e da poupança energética nos edifícios".
Costa Silva disse ainda que os ativistas apresentaram uma carta com "vários factos falsos" que quis esclarecer. "Um deles era de que a diversificação de energias renováveis era, no fundo, aumentar o investimento em gás. Não é verdade. Nós temos um cluster de energias renováveis que é absolutamente um facto no país", disse.
Outra falsidade, continuou, foi a ideia de que era "contra os impostos sobre os lucros excessivos das companhias petrolíferas". "Eu fui a primeira pessoa do Governo a avançar com isso, no Parlamento, logo no primeiro debate", relembrou.
Quanto às exigências de que se demita, Costa Silva disse que tal não vai acontecer, até porque "quem tem a última palavra é o senhor primeiro ministro”, com quem tem mantido contacto quanto a este dossier.
No entanto, não obstante a oposição que os ativistas lhe têm feito, o ministro da economia, considera que é importante que haja movimentos de contestação e que este é um direito "absolutamente legítimo”. "O diálogo com os jovens tem de ser mantido, por mim e pelo Governo, porque não podemos construir um país com futuro sem eles", ressalvou.
Todavia, quanto aos ativistas que quiseram barrar a entrada do ministério da Economia, Costa Silva disse que "é muito importante respeitar a legalidade”, recusando ainda assim o recurso a medidas mais musculadas para lidar com os protestantes.
Quando os jornalistas se encontravam a ouvir as declarações do ministro, a PSP retirou os jovens que se haviam colado ao chão, alguns do quais foram descolados com alguma violência.
Depois da detenção, as portas do Ministério da Economia foram encerradas e pelas 18:00 não se encontrava qualquer ativista no local.
De acordo com fonte da Fim ao Fóssil, os ativistas detidos foram encaminhados para a 4ª Esquadra de Lisboa, na Rua da Palma.
"Uma manifestação de mais de 50 pessoas está se a deslocar para a esquadra para demonstrar solidariedade", anunciou.
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