"O 25 de abril libertou-nos o tempo", começou por dizer Augusto Santos Silva, para depois agradecer aos Capitães de abril pelo seu papel na revolução e por "terem sacudido o imobilismo e nos terem posto na rota da história".

Santos Silva relembra que em democracia o tempo é tudo, e que "o tempo é uma passagem" de "grande plasticidade" e que em democracia todas as lideranças podem ser caducas e que "quem hoje é oposição, amanhã pode ser governo". Depois de mencionar que "a eleição é periódica porque nenhum poder é eterno", o presidente da AR referiu que "o tempo dura, e isso é essencial em democracia", e que esta é a única forma das pessoas compararem os programas de cada partido e poderem responsabilizar os mesmos.

"Porque, se todos perderemos no dia em que aceitarmos que a dinâmica política deve ser insensível às necessidades e ao ambiente social e pautar-se exclusivamente por procedimentos administrativos e formais; também todos perderemos no dia em que renunciarmos a distinguir entre erros localizados, ainda que graves, e crises prolongadas e sistémicas, e no dia em que aceitarmos que a vida de um parlamento ou de um Governo, sejam eles quais forem, está dependente do nível de protesto deste ou daquele setor, do favor da opinião publicada, da perceção dos média, do ruído nas redes sociais ou da evolução das sondagens", acentuou, sendo aqui novamente aplaudido pelo PS.

Referindo-se ao seu próprio poder, alude ao papel de discussão e fiscalização da Assembleia, da cooperação entre os orgãos de soberania - cujo "poder é cíclico" e, por isso o tempo de cada um "deve ser respeitado sem atropelos. "Devemos preferir a respiração pausada de uma democracia madura, à respiração ofegante típica de uma democracia populista", disse Augusto Santos Silva.

"Mas o tempo democrático é também cíclico, tem um certo ritmo e duração. E, se a Assembleia [da República] funciona, debatendo, fiscalizando, inquirindo, legislando; se o Governo desenvolve e aplica as suas políticas, com variável acerto, e goza de confiança parlamentar; se as oposições vão fazendo caminho de formação e afirmação de alternativas; se os órgãos de soberania cooperam, no respeito pelas competências uns dos outros; se inúmeros são os problemas das pessoas e do país, sendo responsabilidade primacial dos diferentes decisores enfrentá-los, então devemos respeitar o tempo de cada instituição, sem atropelos nem precipitações", declarou.

*Com Lusa.