"Infelizmente vivemos tempos muito difíceis. A Venezuela está hoje com muitas dificuldades e essas dificuldades sentem-se em toda a gente, mas a comunidade portuguesa — porque os portugueses têm muita atividade no pequeno comércio, na distribuição, na pequena indústria — é a primeira não só a perceber que há dificuldades, como a sentir os efeitos dessas dificuldades", disse Augusto Santos Silva.
O ministro falava à agência Lusa, em Caracas, depois de ter visitado as obras do Santuário de Nossa Senhora de Fátima e o Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, no âmbito de uma visita de quatro dias à Venezuela.
"É preciso proteger o pequeno comércio e a pequena indústria, e não atacá-los, porque sem comércio e sem distribuição não há alimentos, não há medicamentos. Portanto, é preciso apoiar os pequenos comerciantes", disse.
Nesse sentido, frisou que todos os países vivem períodos difíceis “de tempos em tempos" e que "Portugal acabou de sair de uma crise que foi duríssima".
Durante os encontros de hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal ficou fundamentalmente com três impressões sobre a comunidade luso-venezuelana.
"São três impressões: boa integração; muitas dificuldades atuais, que todos esperamos que sejam passageiras, mas para que sejam passageiras é preciso sensatez, cuidado, apoio, moderação, sentido da realidade; e uma enorme solidariedade que anima as pessoas", disse.
Por outro lado, frisou ter confirmado "o profundo enraizamento" dos portugueses na sociedade venezuelana, uma comunidade que, disse, se integra “muito bem, sem nunca esquecer o país de onde veio e o país que também é seu".
Augusto Santos Silva disse ainda ser "emotivo ver", lado a lado, as bandeiras de Portugal e da Venezuela, durante uma missa, hoje, nas obras do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Carrizal, Los Teques, a sul de Caracas.
"Há oito anos que a comunidade, com os seus recursos, com os fundos que angaria, está a levantar um santuário que uma vez terminado será lindíssimo e será um local de culto muito importante. E já hoje o é, porque já hoje se realizam [lá] as cerimónias religiosas e no futuro será também um lugar não só de culto como de cultura, o que é uma combinação excelente", afirmou.
Das impressões, a "mais forte e que dá toda a razão para a esperança é a enorme solidariedade entre as pessoas".
"E aqui o lar, da responsabilidade da Sociedade [de Beneficência] das Damas [Portuguesas], das senhoras que se organizam e apoiam a terceira idade, um lar de idosos que acolhe hoje mais de 70 pessoas, com condições ótimas, [mas] também com as suas dificuldades, precisando do apoio, mas concretizando no dia a solidariedade que é a grande força humana", disse.
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