O Governo português recebeu a notícia da vitória de Guterres na sexta votação do Conselho de Segurança, que esta quinta-feira deverá indicar o seu nome para a Assembleia-Geral, com “muito orgulho, muita alegria e muita satisfação”, disse hoje à Lusa o chefe da diplomacia portuguesa, destacando que se trata de “uma grande vitória de Portugal”.

“António Guterres tem a capacidade de estabelecer pontes. Ele vai ser um secretário-geral que representa a voz das Nações Unidas como tal, de todas as nações, de todos os 193 países que fazem parte das Nações Unidas”, afirmou Augusto Santos Silva.

António Guterres recebeu 13 votos favoráveis e duas abstenções, uma das quais de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, com direito de veto, naquela que foi a sexta votação, mas a primeira em que os votos dos membros permanentes foram destacados.

O chefe da diplomacia portuguesa sublinhou o facto de a candidatura portuguesa não ter recebido, hoje, qualquer voto de desencorajamento, algo que “não é frequente”.

“Isto quer dizer também que a candidatura de António Guterres não resulta de nenhum jogo de bastidores nem de um acordo de última hora, resulta sim dos seus méritos”, destacou.

Segundo Santos Silva, “venceu este processo eleitoral quem se submeteu a todas as suas etapas e todas as suas regras, quem apresentou a sua candidatura com toda a transparência e em tempo, quem apresentou as suas ideias e visão para as Nações Unidas e convenceu os membros do Conselho de Segurança com as suas ideias e o seu programa e quem foi vencendo sucessivamente todas as votações indicativas”.

Para o ministro, “a grande força da candidatura de António Guterres é o seu mérito pessoal, a sua qualidade política, o conhecimento profundo que tem do Mundo e, em particular, do sistema das Nações Unidas, o seu comprometimento com a causa do multilateralismo, a paz, a segurança e o desenvolvimento e a sua enorme experiência política e como alto dirigente das próprias Nações Unidas”.

Por outro lado, “também foi muito importante para esta grande vitória de Portugal a unidade dos portugueses”, que foi “um dos trunfos principais desta candidatura, que fez a diferença, aliás, em relação a outras candidaturas”.

Santos Silva aludia à candidatura de Kristalina Georgieva, que só foi apoiada pela Bulgária na semana passada, depois de Sófia ter desistido da candidatura de Irina Bokova, que apoiara em primeiro lugar.

Santos Silva apontou “o apoio, desde a primeira hora, do Presidente da República, de todo o parlamento e de toda a sociedade civil”.

Questionado sobre a entrada, apenas na semana passada, da comissária europeia Kristalina Georgieva, na corrida à liderança da ONU, o ministro respondeu: “Com a mesma serenidade e tranquilidade que assisti às sucessivas votações e à apresentação, na semana passada, da candidatura da comissária Kristalina Georgieva, com a mesma serenidade e tranquilidade olho para os resultados desta votação”.

“Saúdo todos os que participantes. A qualidade dos candidatos só reforça o mérito de António Guterres”, disse.

Augusto Santos Silva revelou ter assistido à comunicação dos resultados da votação “muito próximo” do antigo primeiro-ministro e foi, por isso, “dos primeiros a endereçar-lhe as felicitações que ele merece”.

O ministro relevou “o enorme esforço feito pela diplomacia particular, em particular pela missão permanente portuguesa em Nova Iorque - o representante português, o embaixador Álvaro Mendonça e Moura, foi um elemento absolutamente decisivo nesta candidatura -, pela Direção Geral de Política Externa e pela muito pequena equipa que se constituiu no Ministério e que foi incansável, quer do ponto de vista do esforço quer da inteligência que colocou neste processo”.

“A todos gostava de agradecer, em nome do Governo português”, referiu.

Sobre o facto de ter vencido este processo um homem da Europa Ocidental – e não uma mulher da Europa do Leste, como alguns dirigentes políticos, entre os quais o atual secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e organizações não-governamentais defendiam -, Santos Silva salientou que Guterres “nunca foi um intruso neste processo”.

“Um dos argumentos principais que utilizámos é que não devemos olhar para 2017 com os olhos anteriores a 1989. Grande parte dos candidatos da Europa de Leste eram candidatos de países da União Europeia”, disse.

O antigo primeiro-ministro português António Guterres foi hoje indicado como favorito para secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) pelo Conselho de Segurança à Assembleia-geral, que deverá aprovar o seu nome dentro de dias.

O Conselho de Segurança anunciou hoje que o português é o “vencedor claro” da votação, recebendo 13 votos de encorajamento e duas abstenções, uma das quais de um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança com direito de veto.

Este órgão, com poder de veto, deverá aprovar na quinta-feira uma votação formal a indicar o nome de António Guterres para a Assembleia-Geral das Nações Unidas, formalizando assim a eleição do sucessor de Ban Ki-moon.