Numa nota enviada pela Carris, é referido que os funcionários “vão ter um aumento salarial base de 70 euros, que corresponde a uma subida média global de 7,5% nos ordenados”, sendo que, como resultado de aumentos noutras rubricas da tabela salarial, “muitos dos funcionários da empresa vão ter aumentos reais superiores a 90 euros”.

"Trata-se do maior aumento salarial dos últimos anos e que o conselho de administração quis implementar dada a difícil situação económica e social com que a generalidade dos portugueses se confronta", lê-se no comunicado.

Na nota, a empresa salienta ainda que procurou "soluções para minimizar os efeitos desta conjuntura junto dos seus trabalhadores, mas que se revelassem, por outro lado, economicamente sustentáveis para a própria Carris".

Para o presidente do conselho de administração da transportadora, Pedro de Brito Bogas, citado na nota, este foi o "acordo possível", que representa um "esforço acrescido para a empresa", em que "o nível de crescimento das receitas, por força das medidas de congelamento do valor dos passes, não permite acompanhar o aumento sentido ao nível dos custos", mas que procurou responder às "legítimas expectativas" dos trabalhadores.

O acordo foi assinado por quatro sindicatos, lê-se na informação enviada pela operadora lisboeta: o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA), a Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris (ASPTC), o Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) e o Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços (SITESE).

De fora do acordo, está, nesta altura, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal (STRUP), ligado à Fectrans.

Miguel Leal, sindicalista do STRUP, explicou à agência Lusa que as negociações continuam.

“Ainda estamos num processo de discussão com os trabalhadores”, esclareceu Miguel Leal, pelo que na quinta-feira realiza-se um plenário entre funcionários da Carris ligados ao STRUP para discutir a proposta da empresa.

A organização sindical pede um aumento salarial na ordem dos 100 euros, assim como um horário diário de sete horas de trabalho.

Segundo um comunicado do STRUP, “a proposta de 70 euros apresentada pela administração é insuficiente e não responde àquilo que os trabalhadores desejam e merecem”, além de os salários não refletirem os “ganhos de produtividade” da Carris ou o aumento do custo de vida.

A Carris é responsável pelo serviço de transporte público urbano de superfície de passageiros na cidade de Lisboa, sendo, desde 01 de fevereiro de 2017, gerida pela Câmara Municipal de Lisboa.