Fernando Medina afastou, na última noite, a possibilidade de vir a acontecer aumentos salariais intercalares dos funcionários públicos em 2022 para fazer face à inflação que, no Orçamento de Estado para 2022 que apresentou, sofreu uma revisão em alta para quatro por cento.
Em entrevista à RTP, horas depois de ter apresentado a proposta de Orçamento, o ministro das Finanças considerou que tal medida não seria “a resposta adequada” para enfrentar esta crise, sublinhando que tal teria um impacto negativo na produção e setor alimentar com um aumento em cadeia dos preços, tornando “nacional um processo inflacionário que é largamente importado”.
“O que está aqui em causa é a escolha de uma política num momento pouco frequente, que é a resposta a um aumento da inflação, a qual é, até ao momento, temporária e concentrada num número limitado de bens”, explicou Medina.
Já ao jornal Público, em entrevista publicada esta quinta-feira, o ministro explicou que "esta [inflação muito alta] é uma mudança significativa de regime económico no qual vivemos".
"Temos vivido todos num regime de moeda única que foi até agora um regime de taxas de juro baixas e taxa de inflação baixa durante muito tempo. Agora, estamos perante este choque na área da energia. Não estão restabelecidas ainda as cadeias de distribuição com a Ásia, temos os problemas em Tchezen, em Xangai. O mundo pós-pandemia não é igual ao mundo pré-pandemia do ponto de vista da produção", contextualizou.
Ao jornal, Medina afirma que "não podemos acrescentar um motor interno à inflação" e que "no momento em que o acrescentarmos, o passo seguinte seria meter a mudança a seguir".
"Este processo é contínuo. Não pára. O que sabemos da história é que sempre que activamos esses motores há sempre deterioração do poder de compra. Recordo-me dos relatos da crise petrolífera dos anos 70, que depois se arrastou a toda a política económica dos anos 80", exemplificou.
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