“A questão do estatuto final de Jerusalém deve ser resolvida por meio de negociações de paz entre Israel e o povo palestino”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália, Penny Wong, numa conferência de imprensa.
Wong também sublinhou que o novo governo, eleito em maio, após nove anos de executivo conservador, não pretende transferir para Jerusalém Ocidental a embaixada australiana, que irá manter-se em Telavive.
“A Austrália está comprometida com uma solução de dois Estados na qual Israel e um futuro Estado palestino coexistam, em paz e segurança, dentro de fronteiras internacionalmente reconhecidas”, disse, antes de afirmar que não apoiará “uma abordagem que prejudique essa perspetiva”.
O então primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, anunciou em novembro de 2018 que o país iria reconhecer Jerusalém Ocidental como a capital de Israel, mas que não iria mudar a embaixada até que existisse um acordo de paz com a Palestina.
“Sei que isso causou conflitos e confusão no seio de parte da comunidade australiana, e hoje o governo está a tentar resolver isso”, disse Penny Wong.
A ministra acusou o governo de Scott Morrison de tomar a decisão para tentar ganhar uma eleição crucial num subúrbio de Sydney com uma grande comunidade judaica.
“Foi um jogo cínico e malsucedido”, disse Wong.
A decisão de 2018 também causou consternação na vizinha Indonésia — o país com o maior número de muçulmanos no mundo –, levando à suspensão temporária de um acordo de livre comércio com a Austrália.
Os Estados Unidos foram o primeiro país a tomar esta decisão, em dezembro de 2017, que rompeu com décadas de consenso internacional sobre a Cidade Santa, cuja parte oriental é ocupada por Israel desde 1967 e reivindicada pelos palestinianos como capital do seu Estado.
O anúncio da decisão do então Presidente norte-americano, Donald Trump, foi seguido por declarações semelhantes de outros países, como a Guatemala, o Paraguai, a República Checa e as Honduras.
Mas, em setembro de 2018, o Governo do atual Presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, disse que iria anular a decisão, “absolutamente unilateral e sem consulta, sem qualquer tipo de elementos, nem argumentos fundados no Direito Internacional”, tomada pelo Presidente cessante, Horácio Cartes, e anunciou o fecho da embaixada.
Esta decisão provocou mal-estar em Israel que, por seu lado, decidiu encerrar a sua representação em Assunção.
A maioria dos países, incluindo Portugal, mantém as suas embaixadas em Telavive.
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