Num email para o responsável do grupo, Michael Miller, e distribuído por todos os funcionários da News Corp, Emily Townsend acusou os jornais do grupo de tentarem promover a falsa ideia de que os incêndios se devem a atos criminosos.

“Tenho sentido um impacto severo da cobertura das publicações da News Corp relativamente aos fogos, especialmente a campanha de informação falsa que tem tentado desviar a atenção da questão real das alterações climáticas, destacando a questão de fogos postos (muitas vezes deturpando factos)”, escreveu no email.

O email, divulgado pela imprensa australiana, foi removido dos servidores do correio da News Corp uma hora depois de ter sido enviado.

“Considero inconcebível continuar a trabalhar para esta empresa e saber que estou a contribuir para a disseminação de negações e mentiras sobre as alterações climáticas”, escreveu Townsend, que trabalhou na News Corp durante cinco anos.

“As notícias que vi no The Australian, no The Daily Telegraph e no Herald Sun não são apenas irresponsáveis, são também perigosas e prejudiciais para as nossas comunidades e para o nosso planeta, que precisa que reconheçamos a destruição e sobre a qual precisamos de começar a atuar”, acrescentou.

Ao jornal Sydney Morning Herald, Townsend lamentou que o email tenha sido divulgado, mas reiterou e defendeu o conteúdo.

Imagens falsas ou antigas, informação errada e até mapas fictícios partilhados por cidadãos, partidos políticos e celebridades têm estado a contaminar a cobertura dos fogos na Austrália divulgada nas redes sociais.

Uma investigação da ABC Austrália apontou para uma proliferação de ‘bots’ [aplicação de ‘software’ concebida para simular ações humanas repetidas vezes de maneira padrão] e contas fictícias que estão igualmente a espalhar notícias falsas, incluindo a tentativa de apontar o dedo a ecologistas, nomeadamente em torno do debate sobre as alterações climáticas.

Entre a informação falsa que circula há várias imagens e notícias com a ‘hashtag’ #ArsonEmergency que têm inundado a rede social Twitter.

Um investigador da Queensland University of Technology (QUT), Timothy Graham, disse que cerca de um terço de mais de 300 contas que analisou e que têm partilhado publicações com essa ‘hashtag’ sugerem ser falsas ou automatizadas.

Uma das mais partilhadas, por exemplo, a notícia falsa de que as autoridades australianas teriam detido 200 incendiários, atacando os ‘media’ tradicionais por ignorarem a informação e preferirem responsabilizar as alterações climáticas.

O número total de pessoas detidas por provocarem incêndios é, até ao momento, de 24.