"Seria, sem dúvida, um desafio diferente. Mas aquilo que me preocupa neste momento - e certamente que o PSD tem os seus tempos e os outros partidos têm todos o seu tempo e nós não devemos estar a interferir nisso - é fazermos com tempo, com dedicação, com afinco, o nosso trabalho de casa", afirmou a também presidente do CDS-PP aos jornalistas no final da visita ao bairro da Cruz Vermelha.

Acompanhada pelo presidente da associação de moradores, Assunção Cristas esteve mais de duas horas fora das "salas de visita" da capital, visitando o bairro de habitação social gerido pela empresa municipal de habitação Gebalis, onde vivem cerca de 10 mil pessoas, na freguesia do Lumiar, que é presidida pelo socialista Pedro Delgado Alves.

"Temos um município que dedica muitos milhões de euros a obras de embelezamento da cidade e não dedica alguns milhares de euros a obras de requalificação destes bairros sociais, e certamente que não podemos olhar para estas situações sem sentir um absoluto contraste", afirmou.

Assunção Cristas ouviu queixas de moradores, sobretudo mulheres, sobre o estado das habitações, nuns casos, ou reclamando que os filhos adultos também pudessem ter lugar no bairro, noutros.

Na zona em que os prédios se encontram mais visivelmente degradados, a candidata centrista à autarquia de Lisboa encontrou Fátima Ferrela, que "casou no bairro" há quase 40 anos, e ajudou-a carregar as compras, ficando com um dos dois sacos de supermercado na mão enquanto entrou em dois apartamentos.

A visita tinha começado na associação de moradores, onde já estava posta uma mesa para um pequeno lanche, que teve de esperar, seguiu depois pelas ruas do bairro, passando também pelo grupo recreativo e desportivo, onde cerca de 40 atletas masculinos e femininos a partir dos 10 anos praticam boxe e kickboxing.

"Quando começamos esta visita na associação de moradores ouvimos esta palavra: este é um bairro esquecido. Creio que é isso que podemos ver, ao percorrer as ruas do bairro, ao falar com os moradores, tem sido esquecido pelo município, tem sido esquecido pela junta, está muito degradado", afirmou.

Questionada sobre as suas propostas em matéria de habitação, Cristas disse que serão conhecidas "a seu tempo", mas que esta é uma fase de "trabalho de terreno para ouvir as pessoas".

Sobre o facto de o PSD ainda não ter candidato à Câmara e de um eventual apoio dos sociais-democratas à sua candidatura, Cristas reiterou ainda: "A decisão do CDS foi tomada independente da posição de vários outros partidos, estamos tranquilamente, com muito afinco a fazer o nosso trabalho de casa".

O coordenador do programa eleitoral do PSD para Lisboa, José Eduardo Martins, afirmou há duas semanas ao Expresso sobre um eventual apoio a Assunção Cristas: “Sinceramente, acho que não é por aí que caminhamos, mas não vejo isso como impossível. Eu diria que ninguém afastou [essa hipótese] liminarmente e não foi por acaso”.

“A doutora Assunção Cristas disse uma coisa com a qual concordo em absoluto: se o CDS tivesse uma candidatura apoiada pelo PSD estaria a discutir a presidência da Câmara. Não sendo uma candidatura apoiada pelo PSD, o CDS não está a discutir a presidência da Câmara. Fico muito feliz que ela tenha essa noção da realidade”, acrescentou José Eduardo Martins.

"Quisemos começar hoje de forma pública num bairro social para mostrar que a questão social é talvez a questão prioritária na cidade", acrescentou, sublinhando que "a única proposta apresentada na Câmara sobre este bairro social foi apresentada pelo vereador do CDS João Gonçalves Pereira".

Assunção Cristas recusou ainda, mais uma vez, revelar que assuntos discutiu com o social-democrata Pedro Santana Lopes na semana passada numa reunião na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, instituição de que o ex-primeiro-ministro é provedor.

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